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quinta-feira, 19 de maio de 2011
BOI MORTO, MANUEL BANDEIRA
BOI MORTO
Como em turvas águas de enchente,
Me sinto a meio submergido
Entre destroços do presente
Dividido, subdividido
Onde rola, enorme, o boi morto,
Boi morto, boi morto, boi morto.
Árvores da paisagem calma,
Convosco – altas, tão marginais! –
Fica a alma, a atônita alma,
Atônita para jamais.
Que o corpo, esse vai com o boi morto,
Boi morto, boi morto, boi morto.
Boi morto, boi descomedido,
Boi espantosamente, boi
Morto, sem forma ou sentido
Ou significado.
O que foi
Ninguém sabe.
Agora é boi morto,
Boi morto, boi morto, boi morto!
In:
Manuel Bandeira – 50 poemas escolhidos pelo auto
r.
CosacNaify, 2006.
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