sábado, 17 de dezembro de 2016

COMEÇAREI A SER INCONVENIENTE




·         pedirei de vez em quando que me inteirem a passagem, que eu saí com pressa de casa e esqueci de passar no banco

·         que me paguem um café, q eu não trouxe trocado e como eu parei de fumar não tenho nem como trocar a nota grande do bolso

·         talvez volte a fumar, se arrumar prum varejão, não vale a pena comprar um maço, fumo no máximo um cigarro por dia

·         opere pequenos furtos em armários de colegas, preciso ver como providenciar as cópias das chaves

·         em bolsos de casacos também, bolsas de colegas  deixadas entreabertas, carteiras pedem para ser levadas

·         em dias de muito calor, uma rodada de cerveja, q depois eu acerto e entre nós não vale isso, não é mesmo

·         no frio, um quente, nem q seja um traçado de dreher com fogo paulista, me sentindo personagem de joão antonio

·         com etiquetas eletrônicas, desenvolverei habilidades nas lojas de varejo, agora que nem mesmo bala na Americanas dá mais pra levar, q dirá lingeries pra vender adiante

·         não tenho habilidade pra aprender a fazer ligação direta, ainda mais agora com tanta tranca, sem falar em GPS e tal

·         não tenho disposição pra traficar branco nem preto, pó nem fumo, tenho mais tendência pra morrer de tanto cafungar

·         não saberia lutar pra manter um ponto, pequeno que fosse, ainda por cima

·         apontar jogo de bicho, nem pensar, se bem que até nisso eu já pensei

·         jamais coragem pra fazer um ganho, berro na mão, decisão e disposição pra chegar junto se for o caso

·         pensar em arma branca furando carne enquanto esfolo o pescoço pra arrancar a gargantilha o pingente me arrepia

·         me aventurar a assaltar banco, nunca pensei, mas admiro, confesso

·         imolar-me em praça pública em nome de uma causa estúpida simpática justa assando vísceras de casuais passantes cheirando a fezes queimadas não

·         não

·         nem

·         nem

·         não

·         conheço um amigo que se deu bem numa igreja na baixada, acho que vai dar pra dividir os cultos com ele dois dias na semana, é sempre um começo

Um comentário:

  1. Numa palestra na falecida UGF, Orígines Lessa disse que muito do que falam sobre autores, suas tendências e o que pensam é tudo mentira. Alunos de Letras se sentiram incomodados, como pode um autor ofender as teorias de alguns mestre?
    Consegui entender que autor não é como um Deus e ao mesmo tempo é. É no inconstante, permeado de vivências, fantasias e o que mais permitir que surge um texto.
    Foi mágico estar diante de um autor que li quando criança!
    Conheci outros autores na UGF e a sensação é boa demais de ler um texto de autor que se conhece, mesmo que indiretamente. Vou tentar encontrar textos seus.Gostei muito!

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