Poema 16
Quatro enormes ventanias
seguem sempre alucinadas
enterrando noite e dia
comandantes e soldados.
Quatro enormes ventanias
roem o bronze das
estátuas,
comem todos os vestígios
dos barões assinalados.
À face da terra estéril
fogem poeiras agoniadas;
restos dos grandes
impérios
história e nome
apagados.
Agora baixam do céu
quatro arcanjos
operários:
afogam num charco abjeto
mil fabricantes de
armas,
mil forjadores de
guerra.
Depois nada? quase nada:
bichos soturnos boiando
sobre o mar estagnado,
- um mar sem curvas de
ondas
E depois? depois vêm tontos
Lucífogo e Astorot
matando os outros
demônios
se entredevorando
ferozes.
Mas nada disso consegue
deter a rota perene,
milênio sobre milênio
do ciclo de Mira-Celi.
(de Anunciação e encontro de Mira-Celi. In: Poesia completa, v. 1. 2 ed.Nova Fronteira, 1980)
Zdzislaw Beksinski |
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