domingo, 25 de agosto de 2013

CANÇÃO DE NAMORADOS


Quem nos vê assim endomingados
duvido que imagine, e se  imagina
(ela por baixo eu por cima
ela por cima eu por baixo) se per-
signa,  que é um dentro de um
e dentre o outro e é concomi-
tantemente tanto nós por cima
metendentes  e  dedos em corpotodo
dédalo e latente,  e lactantes
jatos  e humores, laços até lasso
o corpo  distender-se e nós
ganharmos a rua restaurados.


Agora que estamos tão pracinha
como ousar sequer pensar em pensar
que é  amiúde no seu cu que o olho
cego e  a minha famélica língua
lá pratica os verbos todos de in-
saciedade, e na cidade
da igreja à curva da esquina
(onde sumimos a toda brida
ante os olhos dos pacatos
e em pó da rua  pactários
nos tornamos), vigora o mesmo ímpeto
em que pela manhã nos acordamos
e da cantada à cantata e daí aos
jorros cachoeiras e cascatas
como num antigo samba
exaltação dos sentidos

 
oh epifania féerie paisagem
tropical ave-maria salve
nostalgia mortos do domingo

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