quarta-feira, 14 de agosto de 2013

MURILO MENDES



A MULHER ANÔNIMA

 

Lembra-te daquela mulher
Que um dia te acenou do alto de uma varanda.
Daquela forma admirável mas sem nome
Que uma tarde te disse adeus
Enquanto o automóvel parou um minuto na estrada.


Lembra-te da mulher pouco decorativa, mulher simples
Que não tiveste coragem de arrancar violento ao espaço
E que certamente nunca mais tornarás a ver.
Lembra-te da bela mulher que estremeceu por ti
E sê-lhe fiel até o último dia da tua vida.
 

Murilo Mendes. Poesia completa e prosa. RJ: Nova Aguilar, 1994.

Ilustração de Talarico
 

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