RECADO
FIXO À PORTA DA GELADEIRA
Eros, por favor, ao saíres, recolhe
As lembranças ardentes que em mim deixasteDe outra boca, as intermináveis tardes
Que ainda ardem sobre o colchão e as colchas,
Todas as fotos rasga, em diversos cortes,
Lança-as no fogo do olvido, a vista é tola,
Pode querer reaver o que não vale
Simples sinapse, outra ilusão, saudade.
Porém, ouve bem, deixa a prova dos nove –
As fendas das flechadas abertas, todas!
Pra que em busca de catarse bem me mova.
E também por mim último ato faze:
Leva o cão para passear, lava a louça,
E volta, à madrugada. Será que podes?
Adriano Nunes. Quarenta contente cantante. Porto
Alegre: Vidráguas, 2015.
“Numa
redoma antibárbara do mundo virtual, no meio da mais torpe barbárie, costumo
encontrar Adriano, o poeta de báratros e empíreos, o estudioso incansável, o tradutor aceso, o curioso infindo, laboratorista de
acasos.
Muito
me orgulha sempre que me diz que adoraria ter tido a chance de ser meu aluno.
E mais: vivendo nós dois na casa na poesia-amizade, ele diz generoso:
“No fundo, creio na humanidade. Por isso escrevo” Ai de nós se não crêssemos ou se pararmos de
crer, lhe digo. Ou melhor: ai do mundo
se Adriano Nunes parar de crer.”
Que tempo bom tecemos, salve a Poesia que enlaça, abraça, expande-se... Gracias por estares junto Bozzetti. Beleza de leitura e viva Eros!.
ResponderExcluirCarmen Silvia Presotto - Vidráguas!