sexta-feira, 19 de junho de 2015

AH, UM SONETO... de e.e. cummings




Não será sempre assim... Quando não for,
Quando teus lábios forem de outro; quando
No rosto de outro o teu suspiro brando
Soprar; quando em silêncio, ou no maior

Delírio de palavras desvairando,
Ao teu peito o estreitares com fervor;
Quando um dia, em frieza e desamor
Tua afeição por mim se for trocando;

Se tal acontecer, fala-me. Irei
Procurá-lo, dizer-lhe num sorriso:
“Goza a ventura de que já gozei.”
 
Depois, desviando os olhos, de improviso,
Longe, ah tão longe, um pássaro ouvirei
Cantar no meu perdido paraíso.

 
                   Tradução de Manuel Bandeira

                   In: Estrela da vida inteira. 20 ed. RJ;SP: Record, s/d.

 
 

 
 
 it may not always be so; and i say
 that if your lips, which i have loved, should touch
 another's, and your dear strong fingers clutch
 his heart, as mine in time not far away;
 if on another's face your sweet hair lay
 in such a silence as i know, or such
 great writhing words as, uttering overmuch,
 stand helplessly before the spirit at bay;
 
 if this should be, i say if this should be—
 you of my heart, send me a little word;
 that i may go unto him, and take his hands,
 saying, Accept all happiness from me.
 Then shall i turn my face, and hear one bird
 sing terribly afar in the lost lands.
 
E.E. Cummings, from 100 Selected Poems. Grove Press, 1954
 
 
 

 
 

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