E caiu a chuva de sangue nos fundos do
botequim
os olhos se injetaram, e o som e a imagem
totalitárias da imensa TV
como era de se esperar
estenderam-se pela parede, adentraram
sob a porta o banheiro
seguiram-me até o carro
determinaram-me o rumo, desviaram-me, expulsaram-me
para dentro da noite
que me expeliu finalmente pela manhã
e nem outro dia,
quero dizer
mais – ou menos – do que outro dia já
era
como outro eu mesmo já era, como o gosto
que pareceria brotar virou travo amargo,
e a boca
entre desejo e alho expelia um doce
olor de sangue
que a tudo acabou por se sobrepor
ausente
faltante
aroma de rubro incenso candeia da
solidão – noite.
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