A carne, que perece, pensa guardar
a substância do tempo; na verdade mal
em mal se conserva e ceva
aquele verme e aquele outro enquanto
o tempo mesmo – este desconversa.
Entre os seres minúsculos e a glória
das alturas oscilantes, o tempo
esquece
a carne, que com ele almeja
confundir-se
- mas em vão; e ela o que é é o que
cai, o que sobra, o que necrosa, o que
cheira.
Acende um sorriso no rosto dos que
dizem
“lei da gravidade”, felizes com o próprio
humor resignado e o amor-próprio
a extinguir-se, mas o sorriso é aceso
pelo tempo e apaga-se da carne.
Que esta em breve não susterá
o sorriso, o amor-próprio, o humor,
em breve um cheiro virá, forte
emprenhará cada vão, toda prega,
e o cheiro, este sim – é da carne.
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