A QUEIMA DE LIVROS
Quando o
regime ordenou que fossem queimados publicamente
Os livros
que continham saber pernicioso, e em toda parteFizeram bois arrastarem carros de livros
Para as pilhas em fogo, um poeta perseguido
Um dos melhores, estudando a lista dos livros queimados
Descobriu, horrorizado, que os seus
Haviam sido esquecidos. A cólera o fez correr
Célere até sua mesa, e escrever uma carta aos donos do poder.
Queimem-me! Escreveu com pena veloz. Queimem-me!
Não me façam uma coisa dessas! Não me deixem de lado! Eu não
Relatei sempre a verdade em meus livros? E agora tratam-me
Como um mentiroso! Eu lhes ordeno:
Queimem-me!
Tradução de Paulo Cesar Souza
Bertolt Brecht. Poemas 1913-1956. Brasiliense, 1986.
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