segunda-feira, 20 de maio de 2013

BERTOLT BRECHT



A QUEIMA DE LIVROS

 
Quando o regime ordenou que fossem queimados publicamente
Os livros que continham saber pernicioso, e em toda parte
Fizeram bois arrastarem carros de livros
Para as pilhas em fogo, um poeta perseguido
Um dos melhores, estudando a lista dos livros queimados
Descobriu, horrorizado, que os seus
Haviam sido esquecidos.  A cólera o fez correr
Célere até sua mesa, e escrever uma carta aos donos do poder.
Queimem-me! Escreveu com pena veloz.  Queimem-me!
Não me façam uma coisa dessas!  Não me deixem de lado!  Eu não
Relatei sempre a verdade em meus livros?  E agora tratam-me
Como um mentiroso!  Eu lhes ordeno:
Queimem-me!
                                             Tradução de Paulo Cesar Souza

Bertolt Brecht. Poemas 1913-1956.  Brasiliense, 1986.

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