sábado, 25 de outubro de 2014

AH, UM SONETO... DE BRECHT


SOBRE OS POEMAS DE DANTE A BEATRIZ

 
Ainda hoje,na cripta onde jaz
Aquela que ele não pôde fazer sua
Por mais que a seguisse pela rua
Uma emoção forte seu nome nos traz.

Pois ele cuidou de nos mantê-la na memória
Ao dedicar-lhe verso tão sublime
E não pode haver quem não se anime
A acreditar inteira em sua história.

Ah, que mau costume ele inaugurou então
Ao cobrir de louvor arrebatado
O que havia apenas visto e não provado!

Desde que versejou a uma simples visão
Tudo de aparência bela e casta, a qualquer ensejo
Cruzando uma praça, tornou-se objeto de desejo.

 

                                   Tradução de Paulo César Souza

In: Brecht – poemas 1913-1956.  SP: Brasiliense.

 

           

Um comentário:

  1. Visitei! Adorei o post. Amo sonetos. Gosto mais de rimar assim os tercetos, primeiro verso com primeiro, em vez de terceiro com terceiro mais comum. Beijos, Bozzeti

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