domingo, 28 de dezembro de 2014

MILITARES: SERGIO MACACO E OUTROS DOIS HOMENS


     Pra começo de conversa: esta postagem não se propõe a ser relatório de nenhuma pesquisa exaustiva, nem de pesquisa nenhuma;  são alinhavos de pouco mais do que mera memória pessoal; mas  ela pode ser tomada também como quase um desagravo ao que muitas vezes  parece ser de minha parte um constante sentimento de aversão aos militares – adiante eu explico um pouco melhor;  e pra fim de conversa, uma explicação desnecessária mas de bom tom, considerando os dias que correm: claro que o título, ao falar em “dois homens”,  não propõe nenhum louvor à macheza ou algo do tipo, sendo de início somente  um contraponto provocativo da palavra  “homem” às palavras “macaco” e "militar", com as implicações daí decorrentes, buscando-se, de resto, bem entendido, o sentido de homem em  sua máxima dignidade, digamos, hum.. ontológica.  As três palavras relacionam-se, digamos, como uma constelação de recíprocas provocações latentes. Quanto ao que ficar ainda por esclarecer, paciência.  Recorro mais uma vez à lamentação resignada de Brás Cubas: “é preciso explicar tudo”.  A seguir, o que interessa.
 
     Foi o blog (muito bom) do professor, poeta e amigo Nonato Gurgel, Língua do Pé,  que chamou minha atenção para o portal Memórias da Ditadura (cf. links ao final), realização de “Vlado Educação – Instituto Vladimir Herzog”.  Copio aqui o que Nonato sintetizou sobre sua importância:
“O site Memórias da Ditadura é uma leitura imprescindível num país cujas dificuldades de lidar com a história são evidentes. O site tem problemas de redação e faltam referências bibliográficas, mas isso não tem a menor importância. Criado pela Comissão da Verdade, este espaço merece ser visitado por quem tenta entender o nosso passado violento, autoritário e contraditório.
Manifestações recentes pediram o retorno de um regime político que não permite manifestações. Seria muito bom se a garotada que deseja a volta dos militares desse uma olhadinha."

     Faz muito bem Nonato em chamar atenção para as falhas do portal – temos de ter sempre esse tipo de cuidado, ainda mais nós, professores – mas suas qualidades compensam com sobras seus senões, o que ele obviamente também reconhece. Deixo ao leitor a sua própria descoberta pessoal do valor do ótimo endereço eletrônico.

     Mas, visitando seu conteúdo o que me chamou a atenção  foi a seção “Militares que disseram NÃO”, logo em “História da Ditadura”, a primeira grande subdivisão do portal.  Ali, após o nome de Sérgio Macaco (o capitão Sergio Miranda de Carvalho), surgem outros militares que se recusaram a participar da ilegitimidade do golpe de estado e de seus desdobramentos, como  o herói da Segunda Guerra, Rui Moreira Lima, o general Euryale Zerbini, o coronel Jefferson Cardim e o almirante Candido Aragão.  Todos merecem as referências e reverências pelo glorioso ato da desobediência, na contramão da lei suprema da cegueira militar, a da obediência a todo custo – como sabemos, ela de nada valeu no Tribunal de Nuremberg, que condenou os oficiais nazistas que “apenas cumpriam ordens”.  E se de fato desenvolvi uma profunda aversão aos militares, por todas as razões que podem ser invocadas por quem cresceu durante a ditadura, a aversão mais profunda não foi exatamente aos militares em si, a suas pessoas, como poderiam pensar os mais ingênuos, mas ao militarismo, entendido como o senso da obediência cega.   É  à obediência cega que nutro verdadeiro horror.  E, no meu modo de entender, a mais nobre desobediência de todos os militares que viveram os acontecimentos do golpe foi a desobediência  do capitão Sérgio Macaco. Sua estatura é a de um verdadeiro herói.  Os brasileiros muito devemos a ele, em termos mesmo de existência física.  Mas antes de me deter um pouco mais em sua figura e sua decisiva atuação num episódio medonho, o intuito desta postagem é lembrar também  de dois militares que aprendi a admirar às voltas com o que escolhi fazer da minha vida, (a atividade voltada para os estudos humanos, em especial as letras), os quais, quando do golpe, já não estavam na ativa – e que não foram  vistos com bons olhos por aqueles que se apossaram do poder de forma torpe em 1964.  Refiro-me a dois generais: o historiador Nelson Werneck Sodré e o polígrafo M. Cavalcanti Proença. 

Sergio Macaco e o indianista Cláudio Villas Boas
 
 Capitão Sérgio Miranda de Carvalho, o Sérgio Macaco
 
    Mas vamos ao capitão. Se não me engano, foi com o fim do período militar, em 1985, que o “Caso Para-Sar” e o Capitão se tornaram  do conhecimento do grande público. À época do ocorrido, ou melhor,  do felizmente não ocorrido, em 1968, o caso  chegou a ser ventilado pela imprensa, mas o regime estava entrando em sua fase mais brutal, e mesmo com a defesa do capitão feita por uma figura do porte do brigadeiro Eduardo Gomes, tudo foi abafado.  Em resumo tratava-se do seguinte: Sergio era capitão no Para-Sar, um regimento de paraquedistas de elite da FAB,  especialistas em salvamento na selva e outras operações de altíssimo risco.  Em 1968, uma figura celerada, um fanático anticomunista chamado João Paulo Burnier, brigadeiro,  arma um plano terrível e emite ordens para que o Para-Sar o cumpra: explodir o gasômetro no Rio de Janeiro – hoje nem existe mais, ficava ali na Avenida Francisco Bicalho, próximo ao entroncamento com a Avenida Brasil,nas imediações da Rodoviária Novo Rio.  A idéia do fanático Burnier era explodir o gasômetro e atribuir a culpa do atentado aos comunistas.  A destruição do Rio, parte do seu Centro e Zona Norte teria dimensões catastróficas, consequentemente com a morte de milhares de pessoas.  Foi quando Sergio Macaco, o bravíssimo Capitão Sergio Miranda de Carvalho disse NÃO.  Militar de não tão alta patente, mas de altíssima estirpe, recusou-se, como alguém especializado em salvar vidas humanas em perigo, a exterminá-las e em larga escala. Transcrevo aqui um texto em homenagem a seu gesto, escrito pelo jornalista  Fritz Utzeri,  que li no blog Encontro Radical do músico Ricardo Moreno de Melo:
“Com a coragem, determinação e desassombro de quem tem alma e caráter disse não ao criminoso e evitou o que poderia ter sido a maior tragédia humana de nossa História. A ira dos criminosos no poder caiu sobre ele como um raio. Tiraram-lhe quase tudo. Não adiantou figuras históricas como o Brigadeiro Eduardo Gomes, lutarem por ele e tomarem a sua defesa. O arbítrio e o crime mandavam naquele triste Brasil dos anos de chumbo.
Sérgio perdeu a farda, o trabalho e a alegria. Só não puderam quebrar sua integridade e honra, sua firmeza de homem e soldado, um soldado que dizia preferir a pior das democracias à melhor das ditaduras.
Sérgio jamais pleiteou anistia por considerar que anistia é esquecimento, perdão, e julgava – com absoluta razão – que seu gesto de resistência, sua desobediência a uma ordem criminosa eram exemplos a serem seguidos.”
    Como a indignidade no Brasil não campeia apenas em períodos de ditadura formal – é inclusive, creio, o que faz com que seja sempre uma possibilidade posta no horizonte quando vivemos a normalidade institucional – o Estado brasileiro, através do Ministério da Aeronáutica, não fez justiça de imediato ao grande Capitão, quando acabou o arbítrio militar em 85.  Seu processo arrastou-se durante anos, mesmo com vitória no STF, restabelecendo-lhe os direitos plenos em 1992.  Ao morrer, em 1994, de câncer aos 64 anos,  a promoção de Sergio  a brigadeiro – a que fazia jus pelo tempo que transcorrera desde que fora cassado em 69 -,ainda não havia saído, o que só ocorreu em 1997, postumamente portanto.  Foi só então que seus herdeiros puderam receber o que o Estado lhes havia roubado desde o episódio, em 1968.
      A compositora Joyce Moreno e o letrista Fernando Brant, em homenagem a este verdadeiro herói brasileiro compuseram “Capitão”, que Joyce gravou com Chico Buarque e pode ser ouvido aqui na Rádio UOL:
 
Nelson Werneck Sodré
 
 

     A admiração pelos outros dois militares é de ordem diversa, tem a ver não com heroísmo, talvez nem tenha a ver muito com desobediência – pelo menos não no plano trágico que adquiriu para o Capitão; tem a ver  com a atividade  intelectual – respeitável  – de ambos.  Nelson Werneck Sodré (1911-1999) era militar e historiador, de formação marxista, filiado ao PCB desde os anos de 1940, tendo chegado a Chefe do curso de História Militar da Escola de Comando e Estado Maior do Exército em 1950.  Participou da diretoria  nacionalista do Clube Militar ao longo de toda essa década.  Como suas posições políticas eram conhecidas de todos e sua obra de historiador já se desenvolvia ao longo de vários anos, seu convívio com os militares conservadores, como se pode deduzir, nunca foi pacífico, o que fez com que ficasse à mercê de inúmeras transferências e represálias ao longo da carreira. Foi o que aconteceu quando da renúncia de Jânio Quadros em 1961.  Seus colegas de farda, os  ministros militares,  não queriam a posse do sucessor legal, João Goulart.  Werneck Sodré bateu de frente com eles. Foi preso e depois destacado para servir em Belém.  Preferiu passar para a reserva, e como tinha o curso da Escola de Estado Maior, reformou-se como general.  Após o golpe militar, seus direitos políticos foram cassados por dez anos.  
     Foi quando pôde dedicar-se mais plenamente à sua obra. Lançando títulos sobre títulos, entre seus livros considerados  mais importantes do período estão a História militar do Brasil (1965) e História da imprensa no Brasil (1967).  Até pouco antes de morrer estava em plena atividade, como atesta seu último livro, A farsa do neoliberalismo, de 1995 – segundo o CPDOC da FGV, sua atividade de escritor totalizaria no total 58 títulos.
     Não posso dizer que tenha maior familiaridade com o que escreveu.  Há um bom punhado de anos adquiri num sebo,  além da história militar e da história da imprensa, o História da literatura brasileira: seus fundamentos econômicos, cuja primeira edição – acabei de saber e estou deveras surpreso – é de 1938 (a que adquiri é a 6ª edição,  de 1976). A ortodoxia marxista que permeia  sua obra era visível no pouco que havia folheado do que escrevera.  Mas não tem dez anos que, preparando uma aula sobre o fim do século 19 no Brasil, senti carência de um embasamento maior sobre algumas questões vinculadas à política econômica dos primeiros anos da república.  Lembrei de Sodré e lá fui a ver se achava o que queria.  Não apenas encontrei, com sobras, como me espantei  com sua lucidez – segundo avalio, claro - para explicar certos traços renitentes de nossa “mentalidade”, que – estou relendo aqui no meu exemplar literalmente caindo aos pedaços – permanecem válidos para “lermos’ o que se passa ao nosso redor.  Como a nossa vocação brasileira para a ostentação e para o pavor de sermos confundidos com aqueles que julgamos inferiores a nós.  Leia-se o ótimo parágrafo do capitulo 12 (“Os problemas da forma”):
“Numa sociedade dividida em classes, os homens diferenciam-se através de muitas e variadas exterioridades, que podem ir do vestuário ao modo de falar.  Quando a divisão de classes é tão profunda que aparece em sinais visíveis, ninguém necessita afirmar a sua condição – ela transparece ao primeiro olhar.  O senhor veste-se de maneira diversa da do escravo, usa calçado e o escravo anda de pés nus, sabe ler e o escravo não sabe.  Na medida em que os traços exteriores se generalizam – o homem livre embora pobre se confundindo com o proprietário de terras, com o direito e às vezes a possibilidade de trajar-se como este  -, há que transferir os traços de distinção a outros planos.  Quando isso começa a ocorrer é que já existe uma luta entre as classes e não apenas uma contradição de interesses.  A classe dominante precisa lançar mão de diferenças que assinalem os seus elementos. A ostentação do saber é uma dessas diferenças." 
     A pergunta a ser feita para os dias de hoje é  apenas se ainda se poderia hoje falar em “ostentação do saber” ou se apenas da ostentação pura e simplesmente boçal, uma vez que, em tempos de inclusão social via consumo,  o saber passou a contar muito menos, ainda que - e a ironia é paradoxal -  apenas como ostentação.  Já o pavor com ser confundido com a ralé permanece forte, principalmente nos que sentem – real ou imaginariamente - ,  a decadência batendo à porta.  Como não lembrar de texto recente de Danuza Leão,  a lamentar que perdeu a graça ser rico se você encontra o zelador do prédio em que você mora em Paris?  Ou da passageira em vias de embarcar em vôo  a zombar do “sujeito de chinelos”  no aeroporto, “como se fosse uma rodoviária” e que, soube-se depois, era na verdade um juiz em férias  – e ela, uma professora da PUC do Rio. 
     Surpreendeu-me ainda em Sodré, além da análise fina e penetrante  – embora de fato presa categorialmente a um marxismo por vezes muito redutor – o texto límpido, texto que se lê com prazer, além da seriedade da reflexão e da pesquisa, esta fundamentada em alentadas notas.  Há alguns anos não leciono mais literatura brasileira, dedicando-me à teoria da literatura, mas repito sempre que do ponto de vista de uma historiografia literária que repute importante os “fundamentos econômicos” da sociedade – a  “infraestrutura”,  no vocabulário marxista – a leitura de Sodré é referência.
 
M. Cavalcanti Proença
 


 
     Algo bastante diverso é o que se passa com o terceiro militar que homenageio: M. Cavalcanti Proença.  Primeiro que,  à diferença em relação à obra de Sodré, tenho com a sua bem mais familiaridade; é grande a admiração que lhe devoto.   Seus  trabalhos dedicados à literatura e à poesia  são  excepcionais,  estudos solidamente embasados na estilística,  sobre os mais diversos assuntos e autores, da poesia popular a Guimarães Rosa, passando por Augusto dos Anjos, Alencar, Lima Barreto, Mário de Andrade e outros mais .  Fico em falta com sua obra de ficção, que não conheço, nunca a li.  Mas Proença é autor de dois estudos  que reputo fundamentais para o que me interessa saber no mundo:  são eles Roteiro de Macunaíma e Ritmo e poesia.  Quanto ao primeiro, que veio à luz em 1955, costumo dizer que ensinou a mim e a muita gente melhor do que eu a ler a obra-prima de Mário sobre o herói sem nenhum caráter, que tinha sido publicada 27 anos antes, e que causara grande impacto e muito mais rejeição do que compreensão. Assim a quem quer que seja que se disponha a uma  leitura disposta a ser minimamente cuidadosa e aprofundada da saga do “herói de nossa gente” deve começar pelo livro de Proença.  Ritmo e poesia é um estudo da mais alta complexidade sobre a arte do verso e da poesia, sobre o artesanato poético, passeando da poesia medieval portuguesa aos modernistas. 
     Como eu já disse lá em cima, este texto não tem a menor intenção de ser “pesquisa”, e aliás já está bastante grande, muito maior do que era a minha intenção inicial.  E  para rabiscar sem maiores pretensões estas linhas, fui juntando  memória, vivência e, claro,  uma consulta rápida aqui e ali nos meus livros e na internet.  E então veio,  com relação a Proença, o espanto.  Não se consegue informação nenhuma na internet sobre ele, nem uma mísera foto.  M. era abreviação de Manuel.   Cavalcanti Proença, cuiabano de 1905, morreu moço ainda, em pleno vigor de suas atividades, no Rio,  em 1966. Era general, reformado desde 1961.  Entrara para o exército via Colégio Militar do Rio de Janeiro aos 14 anos.  No exército cursa uma carreira brilhante, inicialmente estudando veterinária, a seguir lecionando na Escola de Veterinária do Exército, depois ingressando no curso de biologia do Instituto Oswaldo Cruz (que concluiu com absoluto destaque, ganhando medalha de ouro), mais tarde como professor concursado de português no Colégio Militar.  A  partir de 1944 começa sua carreira propriamente dita de escritor, numa obra muito vasta, que abrange trabalhos que vão da zoologia e biologia à crítica literária e crítica textual, passando por artigos para jornal, coletâneas de contos e romances, além da organização de antologias.  Nada dessas informações, nem mesmo as mais básicas de cunho biográfico, consegui  obter na internet. Os dados mais substanciosos que compulsei aquidevo  ao prefácio escrito por Antônio Houaiss, seu amigo,  para a coletânea de ensaios Estudos literários, lançado pela José Olympio em 1969 (tenho segunda edição, de 1974).
       Assim também se explica por que, ao contrário do que fiz com o capitão Sérgio ou com Sodré, não consegui uma foto de Proença para postar aqui, e por isso postei a capa da primeira edição do Roteiro Não consigo atinar para a solução desse mistério da falta de informações.  Nem foto de Proença, por que será?  Quando há fotos são de Ivan, seu filho, também professor e escritor.  Do velho Manuel, nada.  Não sei de que maneira se articularia – se é que  se articula – essa ausência com o fato de que, ao longo de praticamente todo o tempo que passei até hoje nos estudos de letras, da graduação ao doutorado,  pouquíssimas vezes esbarrei com a leitura de textos de Proença, recomendados por professores.  O Roteiro de Macunaíma surgia em cursos que tratavam mais de perto da rapsódia marioandradina. E só.  Ou melhor: quase.  Nas aulas que assistia, ainda no começo da graduação, da professora Marlene Castro Correia lembro que ela trabalhava textos de Proença dedicados ao estudo do verso.  Claro que esses silêncios da academia não ocorrem apenas relativamente a ele – do próprio Nelson Werneck Sodré, que não escreveu tanto assim sobre literatura, nunca ouvi em sala sequer  uma única menção a seu História da literatura brasileira.  Isso tem a ver – e muito – com o fato de que continuamos culturalmente, mesmo na academia,  sendo assistemáticos, indo aos trancos e solavancos e ao sabor de modas e autores que conseguem se manter em evidência – o que obviamente não implica que sejam autores ruins, por supuesto.  Nem bons. Cada caso é um caso.
     Mas chega de roçar a perigosa fronteira dos truísmos. Voltando ao impulso inicial, quero apenas repisar aqui a importância, sobretudo para os mais jovens, de se consultar, ler, ter como referência indispensável o portal Memórias da Ditadura.  Que embora tudo indique que a mentalidade militar, até por conta do peso positivista historicamente presente em nossas forças armadas, tenha de fato uma tendência a ser não apenas conservadora e reacionária mas amiga de soluções espúrias, principalmente se ditadas por cega obediência,  isso não pode ser a regra, nem pode ser a força dogmática de onde emane a atividade da profissão, acima de quaisquer outros valores, principalmente aqueles que devem regular a saudável vida democrática.  Sérgio, Nelson e Manuel cumpriram uma trajetória na carreira que os levou bastante longe em termos de patente.  eram, tudo indica, grandes militares, honravam a instituição a que pertenciam.  É de se deduzir também o quanto devem ter se defrontado e confrontado com situações de conflito pessoal e de relacionamento no dia-a-dia de suas atividades.  No caso do capitão Sérgio avulta a dimensão limite, que acabou selando seu trágico destino.  Por tudo isso, os três não merecem companheiros de farda obtusos e descerebrados.  Os mais jovens, sobretudo os que ingressam nas forças armadas, precisam conhecer suas trajetórias (o que terá a dizer o discurso oficial vigente no interior dessas instituições sobre eles?) e  pensar nisso.


Os links citados:
1. Língua do pé (Nonato Gurgel): http://linguadope.blogspot.com.br/

2. Memórias da ditadura:  http://memoriasdaditadura.org.br/

3. Encontro radical (matéria sobre o Capitão Sergio): http://encontroradical.blogspot.com.br/2010/05/o-meu-capitao-nao-aceita-ordem-de-matar.html

4. CPDOC da FGV (sobre Sodré): http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/biografias/nelson_werneck_sodre

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