quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

A ÚLTIMA DO ANO; EXPLORANDO AMIGOS

  
     Como acontece com certa freqüência, e é ótimo que assim seja, ao entrar numa espécie de transe tradutório que o acomete de tempos em tempos, o poeta professor  e amigo Marcelo Diniz costuma me conceder o privilégio de conhecer em primeira mão muito daquilo que vai traduzindo, seja via telefone, internet ou mesmo pessoalmente.  Desta vez, aproveitei oportunisticamente o fato de ele me enviar alguns sonetos e epigramas, nos quais anda trabalhando, de uma coletânea de poesia satírica do século XVII francês, para elaborar – com pouco esforço de minha parte  e com muito talento alheio, considerando que juntei ainda outro amigo explorado por mim, conforme se verá – a última postagem do ano.  Achei que valia a pena lançar mão de um epigrama dos que Marcelo me enviava, que afinal fala da assinatura ausente, anônima e irreconhecível - e que pouco importa, no fundo,  para o gozo da poesia.  Bom para lembrar que se fecha um  ano e se reabre outro.  Fechar e abrir de olhos, enquanto ao menos assim for.  
      Passo a palavra ao profeçor  Marcelo, para que ele mesmo explique as circunstâncias do pedido e do que se trata:

 “A pedido de meu querido Proffezzor Bozzetti, partilho com os amigos um epigrama de um estudo recente e divertido. Ele foi colhido no Le parnasse satyrique, minha leitura de férias, entre o prazer e o compromisso. Trata-se de um recolho de textos libertinos e satíricos publicado em Paris pela primeira vez em 1622. Théophile Viau (1590-1626) é quem organiza esta edição contendo 166 peças (sonetos, odes, epigramas, epitáfios), todos anônimos. Esta edição ficou notória por motivar debates teológicos quando à natureza do riso. Vemos no epigrama certa risoterapia que decerto afirma a metafísica carnavalesca e satírica da medicina rabelaiseana."
 
     Em seguida, ele envia generosamente o link para acesso aos originais.  Veja-se aqui, como ele diz, "le pdf du Parnasse":
    


     E aqui a sua tradução e o original:

  

EPIGRAMA
 

o riso amigo da saúde

dos mortais sabedoria

eu curti sempre que pude

pois desopila e alivia

o poeta cuja poesia

nos faz rir se divertindo

anônimo todavia

aqui libo bebo e brindo

 

épigramme

 
le ris compaignon de santé

est propre à la race mortelle

j’ay souvent expérimenté

qu’il fait grand bien à la ratelle

ce poëte n’est pas sans cervelle

qui nous fait rire en esbatant

je ne sait pas comme il s’apelle

mais je vait boire à luy autant

 

     Então reforço os votos do Marcelo, o qual acrescenta em seu bilhete que 
 
 “Faço do pedido de meu querido Proffezzor a oportunidade de meus votos que, em dois mil e       quinze, o riso nos salve de novo na prova dos nove!”

 E considerando por fim que resolvi explorar mesmo os amigos nesta mensagem  final,  pedi o arremate do arremate ao Talarico, que compareceu presto e mandou esta graça aí
 
 


                                                   Bom 2015 pra nós todos!

                                                                       

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