A MORTE PELA RARIDADE
Eu temo, temo a raridade
do falcão da noite, graça, goela de rubi: temo extintas
(por inimigo não sabido)
a íbis rosada bico-de-espátula e alva garça real: mortos
por uma guerra oculta de extermínio
contra todos, contra um, o galo-tímpano, o flamingo
e o selvagem cisne-clarim, por mais que se escondam, são
onde encontrados, alvo de caça e chacina,
pois a raridade precede a extinção, como a doença
a morte, há cansaço na
perfeição da concha e a ave perfeita
não vai nascer nunca,
e eu temo a raridade que oprime os encantados
pássaros com nomes de poemas
e a raridade deste sangue tão íntimo
- duro gelo em veio de ouro.
Tradução de Décio Pignatari
In: Décio
Pignatari. Poesia pois é poesia. Ateliê/Unicamp. 2004
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