quinta-feira, 1 de novembro de 2012

MARGUERITE YOUNG



A MORTE PELA RARIDADE

 

Eu temo, temo a raridade

do falcão da noite, graça, goela de rubi: temo extintas

(por inimigo não sabido)

a íbis rosada bico-de-espátula e alva garça real: mortos

 

por uma guerra oculta de extermínio

contra todos, contra um, o galo-tímpano, o flamingo

e o selvagem cisne-clarim, por mais que se escondam, são

onde encontrados, alvo de caça e chacina,

 

pois a raridade precede a extinção, como a doença

a morte, há cansaço na

perfeição da concha e a ave perfeita

não vai nascer nunca,

 

e eu temo a raridade que oprime os encantados

pássaros com nomes de poemas

e a raridade deste sangue tão íntimo

 

- duro gelo em veio de ouro.

 

                                               Tradução de Décio Pignatari


In: Décio Pignatari. Poesia pois é poesia.  Ateliê/Unicamp. 2004

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