gostaria de ser
exatamente
como sou
- c’est a dire: mais ou
menos
hesitante obscuro mas com obsessivo
fulgor
iluminista
e alguns poucos pendores românticos
que no entanto ao se manifestarem
querem apenas arrombar
tudo destrambelhar tudo avassalar
e um tanto indolente e medianamente talentoso
cabotino* mas com vergonha de sê-lo
e também, apesar de tomado pela
preguiça, amantísssimo
ou apenas
contemplativo esteta pateta patético
com brios e assomos dignos
de louvor e terríveis falhas de caráter
marido fracassado pai amoroso mas um
tanto
relapso relaxado quanto ao corpo são
lúbrico hedonista permissivo
libidinoso mas de baixo custo
afinal
de contas que nunca fecham.
sedentário
mas um tanto perambulante
retirado do convívio e cada vez mais
da vida urbana ser enfim o que já acho
mesmo que sou -
só que na Suíça.
*Aqui onde está "cabotino" estava anteriormente "pernóstico". Conversando com minha amiga Verônica Couto, que me disse não entender "pernóstico" no poema, cheguei em boa hora à conclusão de que na verdade a palavra que eu pretendia empregar era "cabotino'" e que, por um lapso qualquer, na hora me escapou. Fica a retificação e o agradecimento a tão preciosa - e atenta - amiga e leitora.
Show... adorei!
ResponderExcluirAmor que avassala é muiiito bom, deixe-se levar rsrsrsrsr
:) só rindo. gostei do poema, viu? beijo
ResponderExcluirNivea, muito obrigado.
ResponderExcluirVerônica, de fato: se nós não tivéssemos conversado meio aleatoriamente sobre o mundo e não tivéssemos sido levados meio ao acaso também a falar desse verso, eu não teria me tocado de que a palavra que eu queria tinha sido insidiosamente trocada por outra. Talvez a observação que eu tenha feito tenha dado a parecer que foi tudo muito direcionado, o que não é o caso. Mas, como sempre, viva o acaso! sempre vivo o acaso.,
Beijos pra vocês do
Bozzetti