MARADONA É MELHOR DO QUE PELÉ
Sim, ele dirá que
caiu que decaiu que fraudou ele que já invocara a mão de Deus que ao
tripudiar sobre os restos do Império
Britânico não o fizera em vão como se fosse a junta patética de monstrengos
glauberianos medalhados, ele lembrará ainda aos lombardos e piemonteses a
existência e a condição de stranieri dos stranieri ao sul de Nápoles, diremos
todos indignados depois de tanto tempo – traídos! – ao sabermos que ele também nos fraudara aos nos fazer cair decair sobre os restos do
tricampeonato outra vez adiado pois ele hereticamente antibiblicamente tinha
nos dado de beber a água que passarinho não bebe a água que atleta não bebe a
água que nos narcotizou, enquanto
defraudado de um ombro como um mau ator ele nos fez voltar para casa e foi o que se, sim e ele jamais
deixará de dizer que sim que nos abraçou
olimpicamente fraterno que nos fez beber que nos derrotou que nos fez cair
decair e nos fraudou e sim e ele sorriu e dirá e continuará a dizer que sim que
sim que fez mais, que bebeu que viveu
que jogou o jogo que teve nas mãos a vida que suou e sorveu e cheirou e que
comprou e que vendeu e que será fiel a Fidel
Não, ele não dirá que foi por que quis que
foi por que ele veio do mesmo nada social e mulato feioso trazia em si o
desgosto de sê-lo e que por isso escolheu o castelo e uma princesa de grande
boca meia tigela oca e pernas infinitas
entronizada por algum tempo e incensada pelos onans da vez e não dirá que quis
o que quis e que quis e não, ele não
dirá que mais uma vez foi não um destampatório mas sim o desejo possivelmente
saciado anteriormente no relativo segredo das celebridades viris inúmeras vezes
de ter na boca e no rabo quente consistência de carne rija por que quis por que
quer por que ninguém tem nada a ver com isso, que ele sim caiu decaiu, ele que
fizera chorar mães italianas e brasileiras e se ergueu e reergueu e não
defraudou e poderia ter dito que todas as naus do Egeu eram por direito suas e
poderiam ter sido enquanto lhe durasse o delírio a fortuna a mídia a carreira,
mas o mulato feioso pensa que chegou tão longe que pecou que é sua a vez e a
hora de fingir falar em nome de todas as crianças que um dia poderão ter seus
tênis suas chuteiras seus contratos suas boconas de princesas brancas e dirá
que pretende continuar fiel
NÃO, MARADONA NÃO É MELHOR DO QUE
PELÉ
... afinal Pelé é o nome de uma forma.
Roberto Bozzetti.
Firma irreconhecível. Rio: Oficina Raquel, 2009.
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