Zdzislaw Beksinski |
a Adriane Lima
... e se procurarmos acharemos alguma culpa.
alívio brutal
que nos exige a condenação mas (se ato alheio) pode ser só pro-forma.
a forma do
que é monstruoso é nítida, mas
disfarçaremos
e diremos: é nada, é (quando muito)nódoa. como nos condenarmos?
e assim seguiremos o cortejo
feliz dos linchamentos e os teremos
registrados em nossas bugigangas eletrônicas
e compartilharemos felizes com a família
com os vizinhos com os netinhos
que nos acharão tão ingênuos e dirão
de nós “como eram doces e idílicos!”
e saberão que assim como eles,
assim como todos também carregamos a nossa culpa
se bem procurada.
por isso todo tijolo atirado sobre um crânio inerte
é pouco
as pernas abertas e os braços a ponto de se rasgarem as entranhas
é pouco
as esfoladuras e contusões e perfurações
é pouco
o pútrido valão onde ratos agressivos rejeitam o luxo de porcos
é pouco
toda a urina e todas as fezes vertidas sobre um deus pretenso vivo
é pouco
é pouco é pouco é pouco para o pecado
que (nos) acharemos – não tem jeito, acharemos
o que dizia Baudelaire sobre a verdadeira civilização:
ela não está no ipad no ipod no caixa eletrônico
no wifi no wireless no instagram no android -
está no apagamento das marcas
do pecado original.
Nenhum comentário:
Postar um comentário