quarta-feira, 16 de julho de 2014

AH, UM SONETO... DE MALLARMÉ


À só tenção de ir além de
Uma Índia em sombras e sobras
– Seja este brinde que te rende
O tempo, cabo que ao fim dobras

Como sobre a vela da nave
Mergulhando com a caravela
Espumante a ávida ave
Da novidade sempre vela

A cantar com monotonia
Sem jamais volver o timão
Uma jazida ali à mão
Noite demência e pedraria

Que se reflete pelo casco –
Ao riso pálido de Vasco.

                                               Tradução de Augusto de Campos
 
 

 
 
Au seul souci de voyager
Outre une Inde splendide et trouble
– Ce salut soit le messager
Du temps, cap que ta poupe double

Comme sur quelque vergue bas
Plongeante avec la caravelle
Écumait toujours en ébats
Um oiseau d’annonce nouvelle

Qui criait monotonement
Sans que la barre ne varie
Un inutile gisement
Nuit, désespoir et pierrerie

Par son chant reflété jusq’au
Sourire du pâle Vasco.

 

 

In: Mallarmé. Trad. e org. Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos.  SP: Perspectiva, 1972.

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