SÓ
Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como outros viam.Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto, que acordava
o coração para a alegria.
Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, na alba
da tormentosa vida, ergueu-se,
no bem, no mal, de cada abismo,
a encadear-me, o meu mistério.
Veio dos rios, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmapagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,]
daquela nuvem que se alteava,
só no amplo azul do céu puríssimo,
como um demônio ante meus olhos.
Tradução de Oscar Mendes e Milton Amado
Edgar Allan Poe. Poemas
e ensaios. SP: Globo, 2009.
ALONE
From childhood's hour I have not been
As
others were; I have not seen
As
others saw; I could not bring
My
passions from a common spring.
From
the same source I have not taken
My
sorrow; I could not awaken
My
heart to joy at the same tone;
And
all I loved, I loved alone.
Then-
in my childhood, in the dawn
Of
a most stormy life - was drawn
From
every depth of good and ill
The
mystery which binds me still:
From
the torrent, or the fountain,
From
the red cliff of the mountain,
From
the sun that round me rolled
In
its autumn tint of gold,
From
the lightning in the sky
As
it passed me flying by,
From
the thunder and the storm,
And
the cloud that took the form
(When
the rest of Heaven was blue)
Of
a demon in my view.
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