ASA DE
CORVO
Asa de corvos carniceiros, asa
De mau agouro, que nos doze meses,Cobre às vezes o espaço e cobre às vezes
O telhado de nossa própria casa...
Perseguido por todos os reveses,
É meu destino viver junto a essa asa,Como a cinza que vive junto à brasa,
Como os Goncourts, como os irmãos siameses!
É com essa asa que eu faço este soneto
E a indústria humana faz o pano pretoQue as famílias de luto martiriza...
É ainda com essa asa extraordinária
Que a Morte – a costureira funerária – Cose para o homem a última camisa!
In: Augusto dos Anjos. Toda a poesia. RJ: Paz e
Terra, 1978.
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