UM POUCO DE STRAUSS
Não escreva
versos íntimos, sinceros,
como quem mete o dedo no nariz.
Lá dentro não há o que compense
todo esse trabalho de perfuratriz,
só muco e lero-lero.
como quem mete o dedo no nariz.
Lá dentro não há o que compense
todo esse trabalho de perfuratriz,
só muco e lero-lero.
Não faça
poesias melodiosas
e frágeis como essas caixinhas de música
que tocam a “Valsa do Imperador”.
É sempre a mesma lengalenga estúpida,
sentimental, melosa.
e frágeis como essas caixinhas de música
que tocam a “Valsa do Imperador”.
É sempre a mesma lengalenga estúpida,
sentimental, melosa.
Esquece o
eu, esse negócio escroto
e pegajoso, esse mal sem remédio
que suga tudo e não dá nada em troca
além de solidão e tédio:
escreve pros outros.
e pegajoso, esse mal sem remédio
que suga tudo e não dá nada em troca
além de solidão e tédio:
escreve pros outros.
Mas se de
tudo que há no vasto mundo
só gostas mesmo é dessa coisa falsa
que se disfarça fingindo se expressar,
então enfia o dedo no nariz, bem fundo,
e escreve, escreve até estourar. E tome valsa.
só gostas mesmo é dessa coisa falsa
que se disfarça fingindo se expressar,
então enfia o dedo no nariz, bem fundo,
e escreve, escreve até estourar. E tome valsa.
Paulo Henriques Britto. Trovar
claro. Companhia das Letras, 2006.
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