SOBRE A LAMA, A CIDADE
O
lirismo de algo
que
se queira chamarde natureza (musgo,
morros e matas),
a
epopéia da favela,
cabrita
ou palafita,ora sobre mangue,
ora em pedra lisa,
a
fábula do asfalto,
vitrine
e ciclovia,o drama do assalto
encenado todo dia,
se
convocados aqui
aparecem/desaparecemdeixando um rastro
de lama.
FILHA
para Luísa
vejo crescer depressa,
que nutro com meus nervos
e que descubro falar, e ser,
me
veio de um imemorial
naufrágioem que perecemos eu e ele:
pequena pérola do pior.
Como
o traço oblíquo de luz
riscado
sobre uma telade nuvens branco-cinza,
figura, tornado agora visível,
o sutil equilíbrio instável
entre dois planos.
Paula Glenadel. A vida espiralada. RJ: Caetés, 1999.
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