À
Senhora Professora em defesa da honra do gato e não só
(Por ocasião do artigo “Contra a crueldade” de Maria Podraza-Kwiatkowska)
Meu
amável ajudante, pequeno tigrinho,
Dorme
docemente sobre a mesa perto do computadorE sequer imagina que a Senhora está ofendendo sua linhagem.
Os
gatos brincam com o rato ou a toupeira meio morta,
Mas
a Senhora está enganada, não é por crueldade.Eles simplesmente vêem uma coisa que se mexe.
Pois
é bom lembrar que só a consciência
Pode
por um instante transferir-se para o Outro,Com-partilhar a dor e o pânico do rato.
E assim
como o gato, é toda a natureza,
Infelizmente
indiferente ao mal e ao bem,Receio que aqui se esconde um dilema.
A história
natural tem seus museus.
Não
levemos ali as crianças. Para que lhes mostrar os monstros,A terra dos répteis e anfíbios por milhões de anos?
A natureza que devora, a natureza devorada,
Dia e noite aberto o matadouro de sangue.
E quem foi que o criou? Será um deus bonzinho?
Sim,
sem dúvida, eles são inocentes:
As
aranhas, os louva-a-deus, os tubarões, os pítons.Só nós dizemos: crueldade.
O nosso
saber e a nossa consciência
Solitários
num pálido formigueiro de galáxiasDepositam suas esperanças num Deus humano.
Que
não pode não sentir e não pensar,
Que
nos é familiar, pelo calor e pelo movimento,Porque a Ele, como declarou, somos semelhantes.
O universo é para Ele como a Crucificação.
Eis aí quanto resulta do ataque ao gato:
Um esgar teológico agostiniano,
Com o qual, a Senhora sabe, não é fácil andar na terra.
Tradução
de Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza
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