segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

AH, UM SONETO... DO SÉCULO 17 PORTUGUÊS

Quam doce é a um firme enamorado,
Um fingido fugir da doce Dama,
Um dizer que não quer ir para a Cama,
Um ai que me matas, ai malcriado;

Um ai que nos ouvirão, ai que é pecado,
Um ai que minha mãe ouve, e chama,
Um ai de mim que perco honra, e fama,
Um não sejais senhor tão perfiado;

Quam doce é um suar, um cruzar coxas,
Um dar lugar a tudo de cansada,
Um, lembrai-vos Senhor, qual me deixais;

Um encobrir chorosa as nódoas roxas,
Um despedir-se em lágrimas banhada
Considere quem chegar não pode a mais.

                                                    Dr. Antonio Barbosa de Bacelar


In: Maria do Socorro Fernandes de Carvalho.  Poesia de agudeza em Portugal.  EdUSP, 2007.

3 comentários:

  1. Interessante.

    Reli 3 vezes... rs... isso é normal?

    Bjus Mestre,
    Helga

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  2. Obrigado, Sandra.
    Normal, Helga? Você é quem deve saber. De qualquer maneira, acho saudável.

    Beijos pra vocês
    Bozzetti

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