(sobre política de prevenção)
Eles quando ganham o primeiro salário
compram e vestem camisa do Brasil
à tarde, que à noite eles
são mortos a tiros pelos seguranças
que vestem camisa do Brasil
e são em número muito menor
mas ostentam sob a camisa do Brasil
a farda da polícia do Brasil
que não pode ser exposta porque o Brasil
tem muito medo do que falam dele
onde não é o Brasil
já que aqui no Brasil podemos – nós os brasileiros
falar e escrever qualquer coisa que é
como se não fosse coisa alguma
a ser dita e escrita e berrada
e nós apenas temos que pagar a farda
a formação o armamento da polícia
do Brasil para que ela preventivamente
assassine aqueles que nós tememos
que um dia – ninguém vai antes ou depois
da sua hora – nos assassinem
vestindo a camisa do Brasil antes
ou assim que recebam o primeiro salário.
Ou seja é tudo uma questão de tempo, com a camisa do Brasil ou disfarçado com a farda, ser brasileiro à noite é correr risco de vida ou de morte?
ResponderExcluirCláudia,
ResponderExcluirNão sei se é exato isso o que diz o poema - ou pelo menos pretendia dizer (essas questões de fatura sempre difíceis de se lidar quando é a gente que escreve). Mas na medida em que separei "eles" e "nós" acho que aponto para uma clivagem aí. Vê se não.
Obrigado pelo comentário, um beijo do
Roberto Bozzetti