MORGUE
Ali jazem em ordem
como se
à espera de algum ato
tardio
que os pudesse ligar
entre si e
reconciliá-los com
aquele frio;
tudo está por enquanto
inacabado.
Por que, dentro dos
bolso, um cartão
Com o nome de
cada? O ar de enfado
nas suas bocas, foi
esforço vão
tentar lavá-lo: só
ficou patente.
Mais áspera, a barba
ainda nos rostos:
o zelador da morgue
tem seus gostos;
nem os de boca aberta
lhe dão náuseas.
Com olhos revirados
sob as pálpebras,
os mortos veem-se
agora interiormente.
tradução
de José Paulo Paes
in: Rainer Maria Rilke: poemas. Tradução e introdução José
Paulo Paes. Companhia das Letras, 2012.
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