Quem está
sozinho, vai ficá-lo ainda mais.
(Rilke)
Aí vem a névoa, aí vem maio
inverno vem, voos vêm pelo ar
mais respirável, menos depressa
mesmo que o sonho
não se sustente
mesmo erodida
que a terra se abisme
mesmo que a flor que o nome lhe leva
murche gloriosa impercebida
em ermo jardim mordido
por cachorros enlouquecidos
sem o engate dos seus cios
onde o eco seja falta
e o contorno nunca exista
que o vento de vez em riste visite
o mundo e o despovoe
como casa que aguarde volta
esterco sob zumbidos
a curtir infenso ao vento
vento de soprar súbito
que súbito para
para que o ar se faça limpo
em asas de varejeiras
que é maio e aí vem a névoa
de maio aí vem o sol
que mais à frente tornará
mais forte mas agora caluda
quase nada, que é maio
aí vem a névoa
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