O GATO
Para Ferreira Gullar
Vive o gato de ver
O novelo a envolvê-lo,
Pata, dente, unha, pelo,
Aos pulos, num pulôver.
Vinga o gato: miado
Alto, salto mortal
Do sofá pro quintal,
Atrás de rato, alado
Feito pássaro. Vive
O gato pelo teto,
Todo solto, inquieto,
Bicho sem nicho, livre.
Sem rumo, pelos muros
Equilibra-se. Atento,
Eriça-se – Rebento
Dos agouros obscuros
Da crença. Pinta o sete:
Que encrenca! Rouba a cena
Nessa lida pequena.
As vidas? São só sete!
ilustração Talarico |
UM EU QUALQUER
Para Antonio Cícero
dentro da gente
há muitos, tantos,
que o pensamento
pode sequer
bem calcular.
o que se sente,
quem sente? canto-os
e assim me invento,
um eu qualquer,
sem rumo ou lar.
dentro da gente
há vários... quantos?
neste momento,
um outro quer
se revelar.
Laringes de grafite. Porto Alegre: Vidráguas, 2012.
Que bom conhecer teu blog, que bom estar entre amantes de poesia.
ResponderExcluirUm abraço Roberto
Carmen - Vidráguas!
Carmen,
Excluirque bom que você gostou; espero que visite com frequência.
Um abraço do
Roberto Bozzetti
Caríssimo Bozzetti,
ResponderExcluirobrigado, muito obrigado, amigo estimado! Viva!
Adriano Nunes
Adriano querido,
Excluireu é que agradeço os poemas que você escreve e publica, pois dá sempre oportunidade de a gente desentranhar das palavras falsificadas do mundo uma poesia verdadeira.
Grande abraço do
Roberto Bozzetti