quinta-feira, 6 de março de 2014

AH, UM SONETO... DE PAULO MENDES CAMPOS


AMOR CONDUSSE NOI AD UNA MORTE

 

Quando o olhar adivinhando a vida
Prende-se a outro olhar de criatura
O espaço se converte na moldura
O tempo incide incerto sem medida

As mãos que se procuram ficam presas
Os dedos estreitados lembram garras
Da ave de rapina quando agarra
A carne de outras aves indefesas

A pele encontra a pele e se arrepia
Oprime o peito o peito que estremece
O rosto o outro rosto desafia

A carne entrando a carne se consome
Suspira o corpo todo e desfalece
E triste volta a si com sede e fome.

 

            Poemas de Paulo Mendes Campos.  Civilização Brasileira/MEC, 1979.



Paolo e Francesca. Sergio Ferro

 

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