RETRATOS
[Com o Tarso, antes; e,
agora, para o Tarso]
1
mundo mundo
ou paísbloqueado
de onde a poesia,
drástico estrume,
escapa –
recolhe o
tentáculo:
o tempo é
de fezes
2
uma flor
desponta
em subsolo
(humana,medrosa): pétala, refém
de sapatos,
afronta
o sol – o asfalto
me veste, estrito
paletó: a argila
o sigilo, o selo
do só
sigo,
pressintoa noite
– corrosiva –
em mim:
tempestade
anulando a
paisagem,
estado
de emergência,
enxurrada
(que não
me leva,
que não
me lava)
4
mãos
imundas,
melhor
devastá-las:que o papel receba,
tímida chuva,
partículas suspensas
(mãos
pensas),
o chumbo
dos ares
inspirados
(à sombra esguia
de uma
girafa intolerável)
5
no quarto
de nus,
feridoe calvo, depois
do assalto –
vigília ou
velório, cabis-
baixo, noite
em falso
6
nas entranhas
desata
o cadarço,
aos pés –
de onde
país
bloqueado,
valsa de mortos,
em curto-
circuito,
vai (não
vai)
7
trouxeste o mapa? por
quais estradas
fugir ao
vasto (devastado)
coração? toda
estrada é
pedra
seqüestrada,
estrago
de ossos,
rumor de
máquina
Eduardo Sterzi. Aleijão. RJ: 7 Letras,
2009.
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