sexta-feira, 13 de março de 2015

AH, UM SONETO... DE TITE DE LEMOS


IRMANDADE


O meu irmão habita os pântanos e os bosques
ermos, os fundos dos quintais onde não vai
ninguém.  Eu tive a mesma mãe e o mesmo pai
mas gosto mais das aquarelas dos pomares,
dos lugares aéreos, de coisas assim.
Eu toco címbalo e marimba, ele mergulha
nas oceânicas igrejas, conchas, símbolos
significando nada além dos seus barulhos
e é um devorador de ostras e escraviza
toda mulher que ama, todos os dragões
que doma; e o meu esporte é cavalgar a brisa
passageira.  Seremos para sempre dois
− como o chá e o limão, a cocacola e o rum −
até que o acaso nos convide a ser só um




Tite de Lemos.  Marcas do Zorro.  Nova Fronteira, 1979.



          Convido o leitor ao outro soneto de Tite de Lemos nesta série.  http://robertobozzetti.blogspot.com.br/2011/02/ah-um-soneto-vii.html










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