terça-feira, 3 de março de 2015

DÉCIO PIGNATARI


EUPOEMA

O lugar onde eu nasci nasceu-me
num interstício de marfim,
entre a clareza do início
e a celeuma do fim. 

Eu jamais soube ler: meu olhar
de errata a penas deslinda as feias
fauces dos grifos e se refrata:
onde se lê leia-se. 

Eu não sou quem escreve,
mas sim o que escrevo:
Algures Alguém
são ecos do enlevo.





Décio Pignatari.  Poesia pois é poesia: 1950-2000.  Ateliê Editorial; Editora da Unicamp.









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