TORTURA
Carretel
não entra
em
rabo de gato?
Não
importa: este
há
de entrar, exato.
Que
anel mais estranho,
ornato
insensato,
se
tinge de sangue
no
rabo do gato.
Unha,
presa, fúria,
felino
aparato,
nada
pode contra
a
mão e seu ato.
Foge
o bicho, tonto?
Carretel,
no mato,
nunca
mais que sai
de
rabo de gato.
Não,
não foge: esconde-se
na
cova do rato.
Outra
mão, piedosa,
cure,
salve o gato,
que
esta sabe apenas
torturar
exato.
Carlos
Drummond de Andrade. Boitempo & A falta que ama. RJ: Sabiá, 1968.
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