De MARÍLIA DE DIRCEU (Lira II da Segunda Parte)
Esprema
a vil calúnia muito embora,
Entre
as mãos denegridas e insolentes,
Os venenos das plantas,
E das bravas serpentes;
Chovam
raios e raios, no meu rosto
Não
hás de ver, Marília, o medo escrito.
O medo perturbado
Que infunde o vil delito.
Podem
muito, conheço, podem muito,
As
Fúrias Infernais, que Pluto move;
Mas pode mais que todas
Um dedo só de Jove.
Este
Deus converteu em flor mimosa,
A
quem seu nome deram, a Narciso.
Fez de muitos os astros
Qu’inda no Céu diviso.
Ele
pode livrar-se das injúrias
Do
néscio, do atrevido, ingrato povo;
Em nova flor mudar-me,
Mudar-me em Astro novo.
Porém
se os justos Céus, por fins ocultos,
Em
tão tirano mal me não socorrem,
Verás então que os sábios
Bem como vivem, morrem.
Eu
tenho um coração maior que o mundo,
Tu,
formosa Marília, bem o sabes,
Um coração, e basta,
Onde tu mesma cabes.
Tomás Antonio Gonzaga. Marília de Dirceu. Porto Alegre: L&PM, 2002.
Que preciosidade, assim caminha a poesia. Gracias pela partilha, Bozzetti.
ResponderExcluirbeijos,
Carmen Silvia Presotto - Vidráguas!