domingo, 16 de fevereiro de 2014

MANUEL BANDEIRA


O MARTELO

 

As rodas rangem na curva dos trilhos
Inexoravelmente.
Mas eu salvei do meu naufrágio
Os elementos mais cotidianos.
O meu quarto resume o passado em todas as casas que habitei
Dentro da noite
No cerne duro da cidade
Me sinto protegido.
Do jardim do convento
Vem o pio da coruja.
Doce como um arrulho de pomba.
Sei que amanhã quando acordar
Ouvirei o martelo do ferreiro
Bater corajoso o seu cântico de certezas.
 
                                   Manuel Bandeira.  Estrela da vida inteira. 20 ed. Ed. Record, s/d

Nenhum comentário:

Postar um comentário