O MARTELO
As rodas rangem na curva dos
trilhos
Inexoravelmente.
Mas eu salvei do meu
naufrágio
Os elementos mais
cotidianos.O meu quarto resume o passado em todas as casas que habitei
Dentro da noite
No cerne duro da cidadeMe sinto protegido.
Do jardim do convento
Vem o pio da coruja.
Doce como um arrulho de pomba.
Sei que amanhã quando acordar
Ouvirei o martelo do ferreiro
Bater corajoso o seu cântico de certezas.
Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 20 ed. Ed. Record, s/d
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