quinta-feira, 8 de março de 2012

DA FEIRA LIVRE DE NEI LEANDRO DE CASTRO

         A alegria de topar de repente com um livro que se pensava perdido... além do prazer da retomada da leitura, a alegria do próprio objeto, muito e muito folheado há... 35 anos! (leio no termo de posse que garranchei na folha de rosto: “setembro de 1976"). Inda mais sendo uma produção gráfica tão caprichada, um papel pardo e grosso delicioso ao tato, capa e diagramação de Cláudio Sendim e fotos ótimas de Walter Monteiro.  Mas esses detalhes não dá pra reproduzir.  Vão aí alguns dos poemas desse poeta de que gosto muito, de quem já postei anteriormente outro poema neste blog em:


O PEIXE
Mortos, natureza morta,
os olhos do peixe
ainda mostram medo.
Uma mulher homicida
lhe espeta o dedo.


A MAÇÃ
A maçã aos olhos.
Seduz milenarmente
sem dar o que se pressente.
A um paraíso à sua semelhança
(edênico e sem gosto),
antes comer o pão
com o suor do rosto.


PÊSSEGO
O pêssego é lúbrico.
Mas dependendo
de quem o vê,
pode também
lembrar a forma
de doces nádegas
de um bebê.


PREGÃO FINAL
- Ora, ora
vamos acabar de vez
com essa chicória.


FIM DE FEIRA
No lixo molhado,
o mais novo mendigo
briga de faca
com o mais antigo.
E o mais fraco
morrerá
por um maracujá.


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