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sábado, 25 de outubro de 2014

AH, UM SONETO... DE BRECHT


SOBRE OS POEMAS DE DANTE A BEATRIZ

 
Ainda hoje,na cripta onde jaz
Aquela que ele não pôde fazer sua
Por mais que a seguisse pela rua
Uma emoção forte seu nome nos traz.

Pois ele cuidou de nos mantê-la na memória
Ao dedicar-lhe verso tão sublime
E não pode haver quem não se anime
A acreditar inteira em sua história.

Ah, que mau costume ele inaugurou então
Ao cobrir de louvor arrebatado
O que havia apenas visto e não provado!

Desde que versejou a uma simples visão
Tudo de aparência bela e casta, a qualquer ensejo
Cruzando uma praça, tornou-se objeto de desejo.

 

                                   Tradução de Paulo César Souza

In: Brecht – poemas 1913-1956.  SP: Brasiliense.

 

           

sábado, 3 de agosto de 2013

BERTOLT BRECHT


 
 
O CHANCELER ABSTÊMIO

 

Eu soube que o Chanceler não bebe
Não come carne e não fuma
E mora em uma casa pequena.
Mas também soube que os pobres
Passam fome e morrem na miséria.
Bem melhor seria um Estado em que se dissesse:
O Chanceler está sempre bêbado nas reuniões
Observando a fumaça de seus cachimbos
Alguns iletrados mudam as leis
Pobres não há.

 

Tradução de Paulo César Souza

 

In: Brecht poemas 1913-1956. Sel. e trad. de Paulo César Souza.  SP: Brasiliense, 1986.

 

*Adolf Hitler foi empossado Chanceler da Alemanha em janeiro de 1933.  Um mês depois incendiou o prédio do Reichstag (Parlamento).  No dia seguinte ao incêndio, Brecht, então já militante comunista, exila-se, só voltando a viver na Alemanha em 1949.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Brecht no blog de Antonio Cicero

Coincidentemente, hoje também Antonio Cicero postou um extraoridnário poema de Brecht em seu blog.  Confiram em:

O VIZINHO

Eu sou o vizinho. Eu o denunciei.
Não queremos ter aqui
Nenhum agitador.

Quando penduramos a bandeira com a suástica
Ele não pendurou nenhuma bandeira.
Quando lhe falamos sobre isso
Ele nos perguntou se no cômodo
Onde vivemos com quatro crianças
Ainda há lugar para um mastro de bandeira.
Quando dissemos que acreditamos novamente no futuro
Ele riu.

Nós não gostamos quando o espancaram
Na escada.  Rasgaram-lhe o avental.
Não era necessário.  Temos poucos aventais.

Mas agora ele se foi, há sossego no edifício.
Já temos preocupações demais
É preciso ao menos haver sossego.

Notamos que algumas pessoas
Viram o rosto quando cruzam conosco.  Mas
Os que o levaram dizem
Que agimos corretamente.

                                               Bertolt Brecht
                                               (tradução de Paulo Cesar Souza)