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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

DUAS DAS CRIANÇAS


CHÃO DE GUARDA

 

Infância. Tíbias cruzadas recém
escapulidas dos dentes
do guarda

(Nem sempre é
que se escapa
de um cão
de guarda. Guardar
bem esta lição.

Pra vida toda.
Que aliás não há
de durar. A conta
é subtrair. Não
se mexa  aí onde
se acomodou. Não 
respirar.)

Adivinha-se então
entre as tíbias, nas mãos
outros olhos sãos
e o que eles
aguardam:
 
água de chão
pano de chão
gosto de chão
chão de guarda.

Enquanto se  aguarda:
infâmia
salsicharia transgênica
sabão obesa
magra infância
carniça de criança.


Talarico - da série "Os invisíveis"

 


(O poema acima foi postado originalmente em Mallarmargens revista de poesia e arte contemporânea, em 9 de dezembro de 2013, com o título "Na esquina do beco ou em qualquer lugar", a partir de uma outra ilustração de Talarico, de sua série "Os invisíveis".)  Confira-se no link http://www.mallarmargens.com/2013/12/poema-de-roberto-bozzetti.html



CRIANÇA À BEIRA MAR

 

que diferença faz?
um apenas  

e eles são
milhares – não vale a pena

um e nem
ficou ali para sempre
daqui a pouco não mais estará
refugiados são fugazes
 
e não
sabemos de detalhes nem
do potencial perigo para
nós

nós que não fugimos é que somos
estáveis nós é que nos fundassentamos
sobre bases imutáveis
como uma grade de programação
como um cronograma como a árvore
ou como o  continente
de onde provimos
 
como uma igreja secular
banco infenso às areias movediças
do deve e do haver
 
a carcaça foi recolhida rápido
que nem os abutres
nem mais poéticas aves
vieram provar de seus
olhos
vieram provar de seu
pequenino sexo inerte
e ímpio – que sabor teria?

perguntaram-se as gaivotas e cormorões
 
ele é um de eles e são milhares e seguem plurais e zeros
contam-se às dezenas às centenas aos milhares
e dezenas e centenas de milhares
e ele é apenas um

no vietnam também era apenas
um
em toda a áfrica
é apenas
um
na palestina na américa central
no oriente próximo ou distante
apenas
um
no acampamento sem-terra
na cracolândia
outrora há muito na europa apenas
um
sempre foram apenas
um
seguirão sendo apenas
um
                                               
são eles
eles são muitos e de sua pena
sabemos que são refugos
em  busca
de refúgio
 
desafortunadamente num resort.

 

 

terça-feira, 17 de junho de 2014

POEMAS EM NERVAL E EM MALLARMARGENS




            NERVAL é uma revista eletrônica de poesia contemporânea.  Na verdade trata-se de uma edição especial da revista FLAUBERT, que se dedica ao conto.  Ambas merecem ser conhecidas, pela qualidade e ousadia do projeto.  Neste primeiro número, NERVAL reuniu em suas 186 páginas vinte e seis poetas brasileiros destes nossos tempos.  Mariel Reis, seu editor,  assina o Editorial, do qual transcrevo a passagem:

            “Nerval, o nosso herói, provou do cálice de fel.  Eis a nossa reação, plural.  Leitores, meus queridos leitores, adentrem as veredas.  Diverti-los com malabarismos hermenêuticos, com o signo ígneo e com a imagem.  O sangue do poeta são as imagens, li em algum lugar.  Ei-las reunidas aqui caleidoscopicamente para alegrá-los das inúmeras possibilidades da poesia brasileira.”

 Às  páginas  de NERVAL  compareço com oito poemas.  Comigo estão os poetas André Ferraz, Caco Ishak, Claudia Schroeder, Daniel Seidl, Delfin, Demetrio Panarotto, Diego Grando, Everton Behenck, Florisvaldo Mattos, Homero Gomes, Jader Barbosa, Kátia Borges, Laurindo Santarritta, Luciano Lanzilotti, Marcelo Sandman, Márcio-André, Nydia Bonetti, Ramon Nunes Mello, Reinaldo Ramos, Ricardo Pozzo, Roberto Andreoni, Sandro Ornellas, Tagore Suassuna, Waldecy Paulo Pereira e Wilmar Silva.
 
A seguir vai o link para a revista, esperando que vocês gostem e a curtam bastante. 

http://issuu.com/revistaflaubert/docs/nerval004

Pelo convite para frequentar esta bela publicação, agradeço ao poeta amigo Anderson Fonseca, de quem este blog já teve a alegria de publicar um belíssimo poema em uma das primeiras postagens.



           
           Postei também recentemente em Mallarmargens – revista de poesia e arte contemporânea, da qual sou um mallarmago (autor fixo), meus recentes “Treze exercícios de magistério”, com ilustração de Talarico.  Confiram no link:
 
 

 

 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

MALLARMARGENS

           Amigos, a convite de Nuno Rau, um dos editores, passo a integrar como "mallarmago" (autor fixo) a revista online de arte e poesia contemporâneas Mallarmargens, blogue coletivo que tem já mais de 300.000 acessos desde sua fundação em maio deste ano. 
           Para que se tenha uma ideia da dimensão e do funcionamento do projeto "Mallaramargens", transcrevo um trecho da apresentação do blogue:

 "Atualmente com 100 mallarmagos (autores fixos) e 90 mallarmigos (autores, periódicos e espaços culturais), o veículo tem atualizações diárias, com a proposta de ser dinâmico e interativo, assim como a multiesférica arena virtual, de modo a também concretizar, mesmo que em parte, o projeto de livro infinito de Mallarmé. Todas as atualizações são catalogadas em volumes anuais, agrupadas em números mensais e classificadas em colunas: Poemas, Ensaios, Traduções, Galeria, Musicoteca, Videoteca e Notícias.

              Essa possibilidade de retomar em meio eletrônico a ambição de Mallarmé do "livro infinito" , aliada à qualidade dos trabalhos ali postados, além da boa acolhida por parte de seus editores, foram fundametnais para que eu me integrasse entusiasticamente ao projeto, bem como me sentisse honrado pelo convite. 
              Na prática do leitor, o funcionamento se dá sobretudo da seguinte maneira, conforme ainda a apresentação:

 "Por optarmos pela distribuição igualitária dos conteúdos, de forma a não priorizar um autor em detrimento de outro, e por adequar-se à alimentação de alta diversidade e periodicidade (cada autor é responsável por publicar seu conteúdo), escolhemos o formato de blog coletivo com visualização dinâmica.

O usuário-leitor poderá navegar pelo conteúdo de forma aleatória, como convém a “um lance de dados”. Prevalecem as “subdivisões prismáticas da ideia”, como Mallarmé definia seu método de composição poética, rompendo o sentido linear da leitura: “Um lance de dados jamais abolirá o acaso”."


             E ainda esta bela formulação-síntese  da conjugação dos nossos tempos de navegação eletrônica com o sonho-projeto de Mallarmé:

Por fim, a ideia de nossas publicações (nivelando estreia e experiência) e sua disposição dinâmica inspira-se no sonho "mallarmeniano" do livro livre, por sugerir a modificação instantânea executada pelas mãos do autor (usuário do blog), sendo este escritor e leitor ao mesmo tempo; e os links dinâmicos ofertam a navegação "livre", a “escolha do caminho”.

                Na página principal deste "Firma" o leitor encontra o link para a revista.  A seguir, linko abaixo para os poemas de minha estreia:

http://www.mallarmargens.com/2012/11/tres-poemas-de-roberto-bozzetti.html#!/2012/11/tres-poemas-de-roberto-bozzetti.html

                Boa navegação para todos!