Quam doce é a um firme enamorado,
Um fingido fugir da doce Dama,
Um dizer que não quer ir para a Cama,
Um ai que me matas, ai malcriado;
Um ai que nos ouvirão, ai que é pecado,
Um ai que minha mãe ouve, e chama,
Um ai de mim que perco honra, e fama,
Um não sejais senhor tão perfiado;
Quam doce é um suar, um cruzar coxas,
Um dar lugar a tudo de cansada,
Um, lembrai-vos Senhor, qual me deixais;
Um encobrir chorosa as nódoas roxas,
Um despedir-se em lágrimas banhada
Considere quem chegar não pode a mais.
Dr. Antonio Barbosa de Bacelar
In: Maria do Socorro Fernandes de Carvalho. Poesia de agudeza em Portugal. EdUSP, 2007.