quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

AH, UM SONETO... DE AUGUSTO DOS ANJOS


O CAIXÃO FANTÁSTICO

Célere ia o caixão, e, nele, inclusas,
Cinzas, caixas cranianas, cartilagens
Oriundas, como os sonhos dos selvagens,
De aberratórias abstrações abstrusas!

Nesse caixão iam talvez as Musas,
Talvez meu Pai! Hoffmânnicas visagens
Enchiam meu encéfalo de imagens
As mais contraditórias e confusas!

A energia monística do Mundo,
À meia-noite, penetrava fundo
No meu fenomenal cérebro cheio...

Era tarde! Fazia muito frio.
Na rua apenas o caixão sombrio
Ia continuando o seu passeio!

In: Toda a poesia de Augusto do Anjos.  Paz e Terra, 1978.

3 comentários:

  1. FENOMENAL! Li um conto do Eça com o mesmo tom que gosto muito, mas não consigo me lembrar o nome do desgraçado! Valeu, Bozzetti

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  2. Muito obrigada! E além da poética a me saudar o dia , ainda aprendi duas palavrinhas novas :-)

    Abraço

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  3. A energia monística do Mundo,
    À uma da manhã, penetrava fundo
    No meu fenomenal cérebro cheio...
    né profê! Rs

    Inté!

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