sábado, 10 de março de 2012

ENFIM

ao me retirar deixo –
o deserto?
chão e céu e chão e céu e chão
e o fio
                        entre
            sombra gris e azul fuligem?

virão as rapinas e somente
as rapinas quando
amanhecer?
a alegria da canção da fonte e a límpida
voz da torrente
                        entre
pedras, calhaus, seixos
                                   seixos
talvez eu tenha prometido
e o anoitecer foi o eu ter partido

papel de Sol o meu a ser
rasgado
            crestado
com ódio
em si
de si

eu ser apagado. e fim.

4 comentários:

  1. Respondendo a sua pergunta...bem, acredito que a "interrogação" oculta no 2º seixos é percebida por duas razões, a 1ª é por causa dá rima e do rítmo, já que após "deixo" (l. 1) há uma pergunta, então aproveitando o rítmo, após o 1º "seixos" outra pergunta. E outra razão é o fato do "Eu" (onipresente)ter se retirado de alguma situação por se sentir talvez fora de contexto e se questiona sobre o que fica com sua ausência: deserto? rapina? alegria? seixos? E será que existe algo que viva sem o Sol?

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  2. Cláudia,
    Antes de mais nada obrigado pelo comentário.
    A pergunta a que você se refere é na verdade a que eu te fiz na postagem do FB, não a pergunta que o poema faz, certo? Então: eu perguntei por que razão você - e outra leitora, a Luciana - tiveram a sensação de que o 2o. "seixos" encaminharia - apesar da ausência de sinal - uma pergunta. Ambas perguntaram se seria esta a minha intenção.
    Como eu disse, não exatamente. Ou não mesmo. Mas penso que a razão pela qual você entendeu assim está plenamente justificada pelo eco de "deixo" no início do poema. Fica uma leitura a ser confirmada ou de4scartada por você, a depender da profundidade com que venha a ler o poema. De início, como uma primeira leitura, está muito bem colocada, creio.
    Mas na feitura do texto eu pensei muito mais todo esse sintagma "a alegria da canção da fonte e a límpida
    voz da torrente
    entre
    pedras, calhaus, seixos
    seixos"
    como um complemento daquilo que "talvez eu tenha prometido". Teria sido uma inversão na ordem frasal que conduziria a essa leitura que você faz. A repetição de "seixos" não foi assim tão pensada por mim - de fato, foi puxada por "deixo", mas foi mais para nomear algumas pedras ao fundo rolante da torrente, um pouco para sufgerir essa ideia que contrapõe (falsa) fixidez das pedras e movimento da água.
    Mais uma vez obrigado pelo comentário e um grande abraço do
    Bozzetti

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  3. que pena eu ser leiga e estar com sono.
    =(

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  4. Ju,
    rs, não entendi. Pra sono a gente dorme. Quanto a ser leiga... não entendi. Para a discussõa? Para comentar o poema?

    abraço do
    Roberto Bozzetti

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