sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

EMILY DICKINSON EM DUAS TRADUÇÕES




EU MORRI POR BELEZA

 Eu morri por beleza, mas fui mal
Colocada em minha tumba,
Quando um que estava morto por verdade
Foi posto numa câmara contígua.

Ele indagou cortês porque morri
“Por beleza”, respondi.
“E eu por verdade, - as duas só são uma;
Somos irmãos”, ele falou.

E assim como parentes veem-se à noite,
Conversamos entre as câmaras,
Até que o musgo lá chegasse aos lábios
E cobrisse nossos nomes.           

                                                Tradução de José Lino Grünewald

 

 

I died for Beauty – but was scarce
Adjusted in the Tomb
When One who died for Truth, was lain
In an adjoining Room –

He questioned softly “Why I failed”?
“For Beauty”, I replied –
And I – for Truth – Themself  are One –
We Brethren, are”, He said –

 And so, as Kinsmen, met a Night –
We talked between the Rooms –
Until the Moss had reached our lips –
And covered up – our names –

                                                          (c. 1862)

 

Morri pela Beleza – e assim que no Jazigo
Meu Corpo foi fechado,
Um outro Morto foi depositado
Num Túmulo contíguo –

"Por que morreu?” murmurou sua voz.
“Pela Beleza” – retruquei –
“Pois eu – pela Verdade – É o Mesmo.  Nós
Somos Irmãos. É uma só lei” –

E assim Parentes pela Noite, sábios –
Conversamos a Sós –
Até que o Musgo encobriu nossos lábios –
E – nomes – logo após –

                                    Tradução de Augusto de Campos

 

In: José Lino Grünewald (org. e trad.) Grandes poetas da lingual inglesa do século XIX. RJ: Nova Fronteira, 1988.
 
Emily Dickinson.  Não sou ninguém: poemas. Traduções de Augusto de Campos. Unicamp, 2008.
 

 


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