quinta-feira, 27 de novembro de 2014

MURILO MENDES

Óleo de De Chirico


 

INSÔNIA

 
Ao longe um cão branquíssimo latindo
Divide a noite em duas.
Se aquele cão fosse negro
Talvez que eu pudesse dormir.

Pressinto uma bomba atômica
Adormecida no bosque.

Vivo ou morto estarei, inculpe ou réu?
Visito-me ao espelho: sem algemas.
Munido de passaporte para este mundo, ou não?

 
          

                        Murilo Mendes. Poesia completa e prosa.  Rio: Nova Aguilar, 1994.

Nenhum comentário:

Postar um comentário