Muito em breve mas não tão em
breve esta mão
que se precipita sobre o
comutador
sobre o comutador
para acender - muito em breve - ou apagar
a luminosidade já mesmo artificial
de tudo o que está posto
desde o sempre onde habito e
gasto o que resta de meus gastos
entre nesgas de breu, lâmpadas led e refletores de fonte indefinível
[e imprecisa
[e imprecisa
mas de luz precisa a conspurcar a negra mão da Mãe Noite
em breve mas não tão em breve
como o breve do crânio sobre o corpo
que inadvertidamente se põe na linha de tiro de uma operação policial
que inadvertidamente se põe na linha de tiro de uma operação policial
– muito em breve esta mão será impotente para
repetir este gesto
corriqueiro quase tão
corriqueiro
de apertar trêfega ou calma o
comutador
- não tanto quanto a bala se alojará no corpo cálido de uma
criança
colhida pelo acaso de sua falta
inocência derrisória sobre o mundo
ainda antes que eu sequer me
ponha a sério a pergunta sobre o significado
da palavra helicoidal
e tenha tempo de esclarecê-la
a broca que me perfura o dente
até achar o nervo ainda a tempo
de ter vivido o suficiente
para conhecer o inexorável
deslocamento dos dentes na cavidade bucal
ao longo dos anos e das
gengivas
tão em breve quanto o efeito da
reza e do antibiótico
e o receituário como em
constelações que ilustram as páginas do meu diário
bendigo a sorte dos amores
vividos
dos filhos vindos e idos pelo
mundo
dos corpos nos quais repousei e
sem descanso me dei a esgotar
as forças de que dispus
ainda haverá tempo de olhar
desinteressado em torno a paisagem
dos animais em seus abrigos ou
visitando seus cochos
das verduras em seus canteiros
desapercebido do vórtex e do sumidouro
antes que eu caia crivado das
perguntas
que não saberia não saberei nem
terei por que
vir a responder jamais.
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