terça-feira, 10 de janeiro de 2012

DE POETAS SOBRE POESIA II

Rainer Maria Rilke:“Ninguém o pode aconselhar ou ajudar – ninguém.  Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo.  Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma: confesse a si mesmo:  morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto, acima de tudo, pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite: ‘Sou mesmo forçado a escrever?’ Escave dentro de si uma resposta profunda.  Se afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples ‘sou’, então construa a sua vida de acordo com essa necessidade.”            (In: Cartas a um jovem poeta)


T. S. Eliot: “A poesia não pode afastar-se muito da língua cotidiana que nós mesmos falamos e ouvimos falar.  A poesia – seja ela quantitativa ou silábica, rimada ou não rimada, de forma livre ou fechada – não pode perder o contato com a linguagem cambiante das ordinárias relações humanas.  Pode parecer estranho que, mesmo tendo me proposto a falar da “música” da poesia, eu insista particularmente na linguagem da conversação.  Mas antes de tudo gostaria de lembrar que a música da poesia não exciste independentemente do significado; do contrário, poderia produzir-se uma poesia de grande beleza musical,mas ausente de sentido, como jamais me ocorreu de ler.             (In: “Musicalidade da poesia”)



W. H. Auden: “Se se perguntasse quem disse ‘A Beleza é a Verdade, a Verdade, a Beleza!’, muitos leitores responderiam ‘Keats’, mas este não disse nada do tipo.  Trata-se do que ele disse que a Urna Grega dizia, sua descrição e crítica de certos tipos de obras de arte, o tipo do qual os males e os problemas desta vida, ‘ o coração desconsolado e exausto’ estão deliberadamente excluídos.  A Urna, por exemplo, retrata, entre outras belas paisagens, a cidadela de um povo na colina; ela não retrata a guerra, o  mal que torna necessária a cidadela. A Arte surge de nosso desejo de beleza e verdade e de nosso conhecimento de que elas não são idênticas."       (in: “A mão do artista”)



Maiakóvski: “Não se deve colocar em movimento uma grande usina poética, para fabricar isqueiros poéticos.  É preciso virar o rosto a tão irracional miuçalha.  Deve-se pegar da pena somente quando não existe outro meio de dizer o que se quer, a não ser o verso.  Devem-se elaborar objetos acabados somente quando se sente um encargo social bem claro.”  (in: "Como fazer versos")














Traduções utilizadas: Paulo Rónai e Cecília Meireles (Rilke), Affonso Romano de Sant'anna (Eliot), José Roberto O'Shea (Auden) e Boris Schnaiderman (Maiakóvski)

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