terça-feira, 1 de outubro de 2013

SOBRE ROMA: JANUS VITALIS (1485 – c.1560)


SOBRE ROMA

 

Recém-chegado que, buscando Roma em Roma,
não encontra, em Roma, Roma alguma,
olha, ao redor, muro e mais muro, pedras rotas,
ruínas, que assustam, de um teatro imenso:
é Roma isto que vês – cidade tão soberba,
que ainda exala ameaças seu cadáver.
Vencido o mundo, quis vencer-se e, se vencendo,
para que nada mais seguisse invicto,
jaz, na vencida Roma, Roma, a vencedora,
pois Roma é quem venceu e foi vencida.
Só resta, indício do que já foi Roma, o Tibre:
corrente rápida que corre ao mar.
Assim age a Fortuna: o que há de firme passa
e o que sempre se move permanece.

                         Tradução de Nelson Ascher

O rio Tibre em roma


DE ROMA

 

Qui Romam in media quaeris nouus aduena Roma,
            Et Romae in Roma nil reperis media,
Aspice murorum moles, praeruptaque saxa,
            Obrutaque horrenti uasta theatra situ:
Haec sunt Roma: uiden uelut ipsa cadauera tantae
            Vrbis adhuc spiret imperiosa minas?
Vicit ut haec mundum, nisa est se  unicere: uicit,
            A se non uictum ne quid in orbe foret.
Nin uicta in Roma uictrix Roma illa sepulta est?
            Acte eadem uictrix, uictaque Roma fuit.
Albula Romani restat nunc nomini index,
            Qui quoque nunc rapidis fertur in aequor aquis.
Disce hinc quid possit fortuna: immota labascunt,
            Et quae perpetuo sunt agitata manent.



 
In: Nelson Ascher. Poesia alheia: 124 poemas traduzidos.  Imago, 1998.




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