Pra começo de conversa: esta postagem não se propõe a ser relatório
de nenhuma pesquisa exaustiva, nem de pesquisa nenhuma; são alinhavos de pouco mais do que mera memória
pessoal; mas ela pode ser tomada também como
quase um desagravo ao que muitas vezes parece ser de minha parte um constante
sentimento de aversão aos militares – adiante eu explico um pouco melhor; e pra fim de conversa, uma explicação desnecessária
mas de bom tom, considerando os dias que correm: claro que o título, ao falar
em “dois homens”, não propõe nenhum
louvor à macheza ou algo do tipo, sendo de início somente um contraponto provocativo da palavra “homem” às palavras “macaco” e "militar", com as implicações
daí decorrentes, buscando-se, de resto, bem entendido, o sentido de homem em sua máxima dignidade, digamos, hum..
ontológica. As três palavras relacionam-se, digamos, como uma constelação de recíprocas provocações latentes. Quanto ao que ficar ainda
por esclarecer, paciência. Recorro mais
uma vez à lamentação resignada de Brás Cubas: “é preciso explicar tudo”. A seguir, o que interessa.
Foi o blog (muito bom) do professor,
poeta e amigo Nonato Gurgel, Língua do Pé, que chamou minha atenção para o portal Memórias
da Ditadura (cf. links ao final), realização de “Vlado Educação – Instituto Vladimir
Herzog”. Copio aqui o que Nonato sintetizou
sobre sua importância:
“O site
Memórias da Ditadura é uma leitura imprescindível num país cujas
dificuldades de lidar com a história são evidentes. O site tem problemas de
redação e faltam referências bibliográficas, mas isso não tem a menor
importância. Criado pela Comissão da Verdade, este espaço merece ser visitado
por quem tenta entender o nosso passado violento, autoritário e
contraditório.
Manifestações recentes pediram o retorno de um regime político que não permite
manifestações. Seria muito bom se a garotada que deseja a
volta dos militares desse uma olhadinha."
Faz muito bem Nonato em chamar atenção para as falhas do portal
– temos de ter sempre esse tipo de cuidado, ainda mais nós, professores – mas suas
qualidades compensam com sobras seus senões, o que ele obviamente também
reconhece. Deixo ao leitor a sua própria descoberta pessoal do valor do ótimo endereço
eletrônico.
Mas, visitando
seu conteúdo o que me chamou a atenção foi a seção “Militares que disseram NÃO”, logo
em “História da Ditadura”, a primeira grande subdivisão do portal. Ali, após o nome de Sérgio Macaco (o capitão
Sergio Miranda de Carvalho), surgem outros militares que se recusaram a
participar da ilegitimidade do golpe de estado e de seus desdobramentos, como o herói da Segunda Guerra, Rui Moreira Lima, o
general Euryale Zerbini, o coronel Jefferson Cardim e o almirante Candido
Aragão. Todos merecem as referências e
reverências pelo glorioso ato da desobediência, na contramão da lei suprema da
cegueira militar, a da obediência a todo custo – como sabemos, ela de nada
valeu no Tribunal de Nuremberg, que condenou os oficiais nazistas que “apenas cumpriam
ordens”. E se de fato desenvolvi uma
profunda aversão aos militares, por todas as razões que podem ser invocadas por
quem cresceu durante a ditadura, a aversão mais profunda não foi exatamente aos
militares em si, a suas pessoas, como poderiam pensar os mais ingênuos, mas ao
militarismo, entendido como o senso da obediência cega. É à obediência cega que nutro verdadeiro horror. E, no meu modo de entender, a mais nobre
desobediência de todos os militares que viveram os acontecimentos do golpe foi
a desobediência do capitão Sérgio
Macaco. Sua estatura é a de um verdadeiro herói. Os brasileiros muito devemos a ele, em termos mesmo de existência física. Mas antes de me deter um pouco mais
em sua figura e sua decisiva atuação num episódio medonho, o intuito desta postagem é lembrar também de dois militares que aprendi a admirar às
voltas com o que escolhi fazer da minha vida, (a atividade voltada para os estudos humanos, em especial as letras), os quais, quando do golpe, já não
estavam na ativa – e que não foram vistos com bons olhos por aqueles que se
apossaram do poder de forma torpe em 1964. Refiro-me a dois
generais: o historiador Nelson Werneck Sodré e o polígrafo M. Cavalcanti
Proença.
|
Sergio Macaco e o indianista Cláudio Villas Boas |
Capitão Sérgio Miranda de Carvalho, o Sérgio Macaco
Mas vamos ao capitão. Se não me engano, foi com o fim do
período militar, em 1985, que o “Caso Para-Sar” e o Capitão se tornaram do conhecimento do grande público. À época do
ocorrido, ou melhor, do felizmente não ocorrido, em 1968, o caso chegou a ser ventilado pela imprensa, mas o
regime estava entrando em sua fase mais brutal, e mesmo com a defesa do capitão
feita por uma figura do porte do brigadeiro Eduardo Gomes, tudo foi abafado. Em resumo tratava-se do seguinte: Sergio era
capitão no Para-Sar, um regimento de paraquedistas de elite da FAB, especialistas em salvamento na selva e outras
operações de altíssimo risco. Em 1968,
uma figura celerada, um fanático anticomunista chamado João Paulo Burnier,
brigadeiro, arma um plano terrível e emite
ordens para que o Para-Sar o cumpra: explodir o gasômetro no Rio de Janeiro –
hoje nem existe mais, ficava ali na Avenida Francisco Bicalho, próximo ao
entroncamento com a Avenida Brasil,nas imediações da Rodoviária Novo Rio. A idéia do fanático Burnier era explodir o
gasômetro e atribuir a culpa do atentado aos comunistas. A destruição do Rio, parte do seu Centro e
Zona Norte teria dimensões catastróficas, consequentemente com a morte de milhares
de pessoas. Foi quando Sergio Macaco, o
bravíssimo Capitão Sergio Miranda de Carvalho disse NÃO. Militar de não tão alta patente, mas de
altíssima estirpe, recusou-se, como alguém especializado em salvar vidas
humanas em perigo, a exterminá-las e em larga escala. Transcrevo aqui um
texto em homenagem a seu gesto, escrito pelo jornalista Fritz Utzeri, que li no blog Encontro Radical do músico
Ricardo Moreno de Melo:
“Com a
coragem, determinação e desassombro de quem tem alma e caráter disse não ao
criminoso e evitou o que poderia ter sido a maior tragédia humana de nossa
História. A ira dos criminosos no poder caiu sobre ele como um raio.
Tiraram-lhe quase tudo. Não adiantou figuras históricas como o Brigadeiro
Eduardo Gomes, lutarem por ele e tomarem a sua defesa. O arbítrio e o crime
mandavam naquele triste Brasil dos anos de chumbo.
Sérgio perdeu a farda, o trabalho e a alegria. Só não puderam quebrar sua
integridade e honra, sua firmeza de homem e soldado, um soldado que dizia
preferir a pior das democracias à melhor das ditaduras.
Sérgio jamais pleiteou anistia por considerar que anistia é esquecimento,
perdão, e julgava – com absoluta razão – que seu gesto de resistência, sua
desobediência a uma ordem criminosa eram exemplos a serem seguidos.”
Como a
indignidade no Brasil não campeia apenas em períodos de ditadura formal – é
inclusive, creio, o que faz com que seja sempre uma possibilidade posta no
horizonte quando vivemos a normalidade institucional – o Estado brasileiro,
através do Ministério da Aeronáutica, não fez justiça de imediato ao grande
Capitão, quando acabou o arbítrio militar em 85.
Seu processo arrastou-se durante anos, mesmo com vitória no STF,
restabelecendo-lhe os direitos plenos em 1992.
Ao morrer, em 1994, de câncer aos 64 anos, a promoção de Sergio a brigadeiro – a que fazia jus pelo tempo que
transcorrera desde que fora cassado em 69 -,ainda não havia saído, o que só ocorreu
em 1997, postumamente portanto. Foi só
então que seus herdeiros puderam receber o que o Estado lhes havia roubado desde
o episódio, em 1968.
A compositora Joyce Moreno e o
letrista Fernando Brant, em homenagem a este verdadeiro herói brasileiro
compuseram “Capitão”, que Joyce gravou com Chico Buarque e pode ser ouvido
aqui na Rádio UOL:
Nelson Werneck Sodré
A admiração
pelos outros dois militares é de ordem diversa, tem a ver não com heroísmo,
talvez nem tenha a ver muito com desobediência – pelo menos não no plano
trágico que adquiriu para o Capitão; tem a ver com a atividade intelectual – respeitável – de ambos.
Nelson Werneck Sodré (1911-1999) era militar e historiador, de formação
marxista, filiado ao PCB desde os anos de 1940, tendo chegado a Chefe do curso
de História Militar da Escola de Comando e Estado Maior do Exército em 1950. Participou da diretoria nacionalista do Clube Militar ao longo de
toda essa década. Como suas posições
políticas eram conhecidas de todos e sua obra de historiador já se desenvolvia
ao longo de vários anos, seu convívio com os militares conservadores, como se
pode deduzir, nunca foi pacífico, o que fez com que ficasse à mercê de inúmeras
transferências e represálias ao longo da carreira. Foi o que aconteceu quando
da renúncia de Jânio Quadros em 1961.
Seus colegas de farda, os ministros militares, não queriam a posse do
sucessor legal, João Goulart. Werneck
Sodré bateu de frente com eles. Foi preso e depois destacado para servir em Belém. Preferiu passar para a
reserva, e como tinha o curso da Escola de Estado Maior, reformou-se como
general. Após o golpe militar, seus
direitos políticos foram cassados por dez anos.
Foi quando pôde dedicar-se mais plenamente à
sua obra. Lançando títulos sobre títulos, entre seus livros considerados mais importantes do período estão a História militar do Brasil (1965) e História da imprensa no Brasil
(1967). Até pouco antes de morrer estava
em plena atividade, como atesta seu último livro, A farsa do neoliberalismo, de 1995 – segundo o CPDOC da FGV, sua
atividade de escritor totalizaria no total 58 títulos.
Não posso dizer que tenha maior
familiaridade com o que escreveu. Há um
bom punhado de anos adquiri num sebo, além da história militar e da história da
imprensa, o História da literatura
brasileira: seus fundamentos econômicos, cuja primeira edição – acabei de
saber e estou deveras surpreso – é de 1938 (a que adquiri é a 6ª edição, de 1976). A ortodoxia marxista que permeia sua obra era visível no pouco que havia
folheado do que escrevera. Mas não tem
dez anos que, preparando uma aula sobre o fim do século 19 no Brasil, senti
carência de um embasamento maior sobre algumas questões vinculadas à política
econômica dos primeiros anos da república.
Lembrei de Sodré e lá fui a ver se achava o que queria. Não apenas encontrei, com sobras, como me
espantei com sua lucidez – segundo
avalio, claro - para explicar certos traços renitentes de nossa “mentalidade”,
que – estou relendo aqui no meu exemplar literalmente caindo aos pedaços –
permanecem válidos para “lermos’ o que se passa ao nosso redor. Como a nossa vocação brasileira para a
ostentação e para o pavor de sermos confundidos com aqueles que julgamos
inferiores a nós. Leia-se o ótimo
parágrafo do capitulo 12 (“Os problemas da forma”):
“Numa
sociedade dividida em classes, os homens diferenciam-se através de muitas e
variadas exterioridades, que podem ir do vestuário ao modo de falar. Quando a divisão de classes é tão profunda
que aparece em sinais visíveis, ninguém necessita afirmar a sua condição – ela
transparece ao primeiro olhar. O senhor
veste-se de maneira diversa da do escravo, usa calçado e o escravo anda de pés nus,
sabe ler e o escravo não sabe. Na medida
em que os traços exteriores se generalizam – o homem livre embora pobre se
confundindo com o proprietário de terras, com o direito e às vezes a
possibilidade de trajar-se como este -,
há que transferir os traços de distinção a outros planos. Quando isso começa a ocorrer é que já existe
uma luta entre as classes e não apenas uma contradição de interesses. A classe dominante precisa lançar mão de
diferenças que assinalem os seus elementos. A ostentação do saber é uma dessas
diferenças."
A pergunta
a ser feita para os dias de hoje é
apenas se ainda se poderia hoje falar em “ostentação do saber” ou se
apenas da ostentação pura e simplesmente boçal, uma vez que, em tempos de
inclusão social via consumo, o saber
passou a contar muito menos, ainda que - e a ironia é paradoxal - apenas como ostentação. Já o pavor com ser confundido com a ralé
permanece forte, principalmente nos que sentem – real ou imaginariamente - , a
decadência batendo à porta. Como não
lembrar de texto recente de Danuza Leão, a lamentar que perdeu a graça ser rico se você
encontra o zelador do prédio em que você mora em Paris? Ou da
passageira em vias de embarcar em vôo a
zombar do “sujeito de chinelos” no
aeroporto, “como se fosse uma rodoviária” e que, soube-se depois, era na
verdade um juiz em férias – e ela, uma
professora da PUC do Rio.
Surpreendeu-me ainda em Sodré, além
da análise fina e penetrante – embora de
fato presa categorialmente a um marxismo por vezes muito redutor – o texto
límpido, texto que se lê com prazer, além da seriedade da reflexão e da
pesquisa, esta fundamentada em alentadas notas.
Há alguns anos não leciono mais literatura brasileira, dedicando-me à teoria da literatura, mas repito sempre
que do ponto de vista de uma historiografia literária que repute importante os
“fundamentos econômicos” da sociedade – a
“infraestrutura”, no vocabulário marxista – a leitura de Sodré é referência.
M. Cavalcanti Proença
Algo bastante diverso é o que se passa com o terceiro
militar que homenageio: M. Cavalcanti Proença.
Primeiro que, à diferença em
relação à obra de Sodré, tenho com a sua bem mais familiaridade; é grande
a admiração que lhe devoto. Seus trabalhos dedicados à literatura e à poesia são excepcionais, estudos solidamente embasados na estilística, sobre
os mais diversos assuntos e autores, da poesia popular a Guimarães Rosa,
passando por Augusto dos Anjos, Alencar, Lima Barreto, Mário de Andrade e
outros mais . Fico em falta com sua obra
de ficção, que não conheço, nunca a li.
Mas Proença é autor de dois estudos que reputo fundamentais para o que me
interessa saber no mundo: são eles Roteiro de Macunaíma e Ritmo e poesia. Quanto ao primeiro, que veio à luz em 1955,
costumo dizer que ensinou a mim e a muita gente melhor do que eu a ler a
obra-prima de Mário sobre o herói sem nenhum caráter, que tinha sido publicada
27 anos antes, e que causara grande impacto e muito mais rejeição do que
compreensão. Assim a quem quer que seja que se disponha a uma leitura disposta a ser minimamente cuidadosa e
aprofundada da saga do “herói de nossa gente” deve começar pelo livro de
Proença. Já Ritmo e poesia é um estudo da mais alta complexidade sobre a arte
do verso e da poesia, sobre o artesanato poético, passeando da poesia medieval
portuguesa aos modernistas.
Como eu já
disse lá em cima, este texto não tem a menor intenção de ser “pesquisa”, e aliás
já está bastante grande, muito maior do que era a minha intenção inicial. E para
rabiscar sem maiores pretensões estas linhas, fui juntando memória, vivência e, claro, uma consulta rápida aqui e ali nos meus livros
e na internet. E então veio, com relação a Proença, o espanto. Não se consegue informação nenhuma na
internet sobre ele, nem uma mísera foto. M. era abreviação de Manuel. Cavalcanti Proença, cuiabano de 1905, morreu
moço ainda, em pleno vigor de suas atividades, no Rio, em 1966. Era general, reformado desde
1961. Entrara para o exército via Colégio
Militar do Rio de Janeiro aos 14 anos. No
exército cursa uma carreira brilhante, inicialmente estudando veterinária, a
seguir lecionando na Escola de Veterinária do Exército, depois ingressando no
curso de biologia do Instituto Oswaldo Cruz (que concluiu com absoluto
destaque, ganhando medalha de ouro), mais tarde como professor concursado de português
no Colégio Militar. A partir de 1944 começa sua carreira
propriamente dita de escritor, numa obra muito vasta, que abrange trabalhos que
vão da zoologia e biologia à crítica literária e crítica textual, passando por
artigos para jornal, coletâneas de contos e romances, além da organização de
antologias. Nada dessas informações, nem
mesmo as mais básicas de cunho biográfico, consegui obter na internet. Os dados mais substanciosos que compulsei
aquidevo ao prefácio escrito por Antônio
Houaiss, seu amigo, para a coletânea de ensaios Estudos
literários, lançado pela José Olympio em 1969 (tenho segunda edição, de
1974).
Assim também
se explica por que, ao contrário do que fiz com o capitão Sérgio ou com Sodré,
não consegui uma foto de Proença para postar aqui, e por isso postei a capa da primeira edição do Roteiro. Não consigo atinar para a solução desse mistério da falta de informações. Nem foto de Proença, por que será? Quando há fotos são de Ivan, seu filho, também
professor e escritor. Do velho Manuel,
nada. Não sei de que maneira se
articularia – se é que se articula –
essa ausência com o fato de que, ao longo de praticamente todo o tempo que
passei até hoje nos estudos de letras, da graduação ao doutorado, pouquíssimas vezes esbarrei com a leitura de
textos de Proença, recomendados por professores. O Roteiro de Macunaíma surgia em cursos que tratavam mais de perto
da rapsódia marioandradina. E só. Ou melhor:
quase. Nas aulas que assistia, ainda no
começo da graduação, da professora Marlene Castro Correia lembro que ela trabalhava textos
de Proença dedicados ao estudo do verso. Claro que esses silêncios da academia não
ocorrem apenas relativamente a ele – do próprio Nelson Werneck Sodré, que não
escreveu tanto assim sobre literatura, nunca ouvi em sala sequer uma única menção a
seu História da literatura brasileira.
Isso tem a ver – e muito – com o fato de
que continuamos culturalmente, mesmo na academia, sendo assistemáticos, indo aos trancos e
solavancos e ao sabor de modas e autores que conseguem se manter em evidência –
o que obviamente não implica que sejam autores ruins, por supuesto. Nem bons. Cada caso é um caso.
Mas chega
de roçar a perigosa fronteira dos truísmos. Voltando ao impulso inicial, quero
apenas repisar aqui a importância, sobretudo para os mais jovens, de se consultar,
ler, ter como referência indispensável o portal Memórias da Ditadura. Que embora tudo indique que a mentalidade
militar, até por conta do peso positivista historicamente presente em nossas
forças armadas, tenha de fato uma tendência a ser não apenas conservadora e
reacionária mas amiga de soluções espúrias, principalmente se ditadas por cega obediência, isso não pode ser a regra, nem pode
ser a força dogmática de onde emane a atividade da profissão, acima de quaisquer outros valores, principalmente aqueles que devem
regular a saudável vida democrática. Sérgio,
Nelson e Manuel cumpriram uma trajetória na carreira que os levou bastante longe em termos de patente. eram, tudo indica, grandes militares, honravam a instituição a que pertenciam. É de se deduzir também o quanto devem ter se defrontado e confrontado com situações de conflito pessoal e de relacionamento no dia-a-dia de suas atividades. No caso do capitão Sérgio avulta a dimensão limite, que acabou selando seu trágico destino. Por tudo isso, os três não merecem companheiros de farda obtusos e descerebrados. Os mais jovens, sobretudo os que ingressam nas
forças armadas, precisam conhecer suas trajetórias (o que terá a dizer o discurso oficial vigente no interior dessas instituições sobre eles?) e pensar nisso.
Os links citados:
1
. Língua do pé (Nonato Gurgel): http://linguadope.blogspot.com.br/
2.
Memórias da ditadura: http://memoriasdaditadura.org.br/
3.
Encontro radical (matéria sobre o Capitão Sergio): http://encontroradical.blogspot.com.br/2010/05/o-meu-capitao-nao-aceita-ordem-de-matar.html
4.
CPDOC da FGV (sobre Sodré): http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/biografias/nelson_werneck_sodre