sábado, 1 de fevereiro de 2014

GIORGIO CAPRONI


O DELFIM

Para Greg Gatenby

      Por onde salte o delfim
(o mar lhe pertence todo,
dizem, do Oceano até
o Mediterrâneo), vivo
vês lá o vislumbre de Deus
que surge e some, nele hílare
acrobata de arguto rostro.


     É o malabarista de nosso
inquieto destino – o emblema
do Outro que com afano
buscamos, e que
(o delfim é alegre – é o álacre
companheiro da navegação)
diverte-se (nos exorta)
a fundir a negação
(um mergulho subáqueo – um vôo
elegante e improviso
num brancor de espumas)
com o grito da afirmação.

                                                       
                                         Tradução de Aurora Fornoni Bernardini

 

 

 
 



IL DELFINO
 Dovunque balza il delfino
(il maré gli appartiene tutto,
dicono, dall’Oceano fino
al Mediterrâneo), vivo
là vedi il guizzo di Dio
che appare e scompae, in lui ilare
acrobata dall’arguto rostro.




È il giocoliere del nostro
inquieto destino – l’emblema

dell’Altro che cerchiamo
com affanno, e che
(il delfino è allegro – è il gaio
compagno d’ogni navigazione)
si diverte (ci esorta)
a fondere la negazione
(um tuffo subacqueo – um volo
elegante e improvviso
in um biancore di spume)
col grido dell’affermazione.
 
 
            In: A coisa perdida: Agamben comenta Caproni.  Organização e tradução de Aurora Fornoni Bernardini.  Florianópolis: Editora da UFSC, 2011
 


Nenhum comentário:

Postar um comentário