terça-feira, 5 de maio de 2015

PAUL VERLAINE

Ilustração de Talarico


A VOZ DOS BOTEQUINS

 

A voz dos botequins, a lama das sarjetas,
Os plátanos largando no ar as folhas pretas,
O ônibus, furacão de ferragens e lodo,
Que entre as rodas se empina e desengonça todo,
Lentamente, o olhar verde e vermelho rodando,
Operários que vão para o grêmio fumando
Cachimbos sob o olhar de agentes da polícia,
Paredes e beirais transpirando imundícia,
A enxurrada entupindo o esgoto, o asfalto liso,
Eis meu caminho – mas no fim há um paraíso.

 

                                      Tradução de Guilherme de Almeida

 

LE BRUIT DES CABARETS, LA FANGE DES TROTTOIRS...
 

Le bruit des cabarets, la fange des trottoirs,
Les platanes déchus s'effeuillant dans l'air noir,
L'omnibus, ouragan de ferraille et de boues,
Qui grince, mal assis entre ses quatre roues,
Et roule ses yeux verts et rouges lentement,
Les ouvriers allant au club, tout en fumant
Leur brûle-gueule au nez des agents de police,
Toits qui dégouttent, murs suintants, pavé qui glisse,
Bitume défoncé, ruisseaux comblant l'égout,
Voilà ma route - avec le paradis au bout.

 

 

                            Verlaine.  A voz dos botequins e outros poemas. Tradução de Guilherme de Almeida. São Paulo : Hedra, 2009.



Verlaine

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