Ali vivem homens, pálida florada
que morre
pasma do mundo e sua agrura;
ninguém
enxerga a careta indisfarçadaque o sorriso de uma raça delicada
ao fim de noites sem nome desfigura.
Vão por aí
degradados pela lida
de servir,
apáticos, a desrazão;as suas roupas estão sempre puídas
e logo se enrugam suas belas mãos.
A multidão
os empurra sem notar
seu andar
incerto e seu ar de doentes – apenas cachorros tímidos, sem lar,
os seguem por algum tempo, mudamente.
A mil atormentadores os atiram,
cada hora que bate é um brutal chamado,
em torno dos hospitais ei-los que giram
à espera de internar-se, angustiados.
a pequena morte (como a entendem lá)
que ora dentro deles, verde, sem dulçor,
é fruto que não amadurece mais.
Tradução
de José Paulo Paes
in: Rainer Maria Rilke [poemas]. Tradução e introd. José Paulo Paes. Companhia das Letras, 2009.
Beelitz Heilstätten Hospital, Berlim |
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